31/01/2023
Existe um dizer muito famoso no meio das mães que fala:
“Quando nasce uma mãe, nasce junto a culpa!”
A maternidade em si já vem envolta por um sentimento de culpa, associada a uma auto cobrança que mina as energias e a auto confiança das mulheres.
Aquelas que não conseguem amamentar se culpam por não terem leite, pelo bico do seio não facilitar a pega, porque as rachaduras do seio misturam o leite com sangue e o bebê não quer mamar, ou também aquelas que amamentam demais, se culpam porque o filho não se alimenta direito e só quer o peito, a criança f**a “mimada” e só quer saber da mãe, a mãe mal consegue ir ao banheiro em paz porque a criança precisa se alimentar toda hora.
Aquelas que largam tudo para cuidar dos filhos se sentem culpadas por não contribuírem financeiramente, por não se sentirem úteis, por não conseguirem prover coisas materiais ao filho, e aquelas que precisam sair para trabalhar se sentem culpadas por deixarem os filhos aos cuidados de terceiros, por perderem os detalhes importantes da evolução do filho, acham que a criança se acostumou com a sua ausência e não se importam quando a mãe sai … E assim por diante.
Listar todas as “culpas” aqui daria um livro e não um texto.
Com as mães atípicas isso, de alguma forma, é potencializado.
Quando Heloísa nasceu prematura fiz uma retrospectiva da minha gravidez para ver onde eu tinha errado!
O que eu havia feito? O que eu tinha comido? Agrotóxicos? Microondas? Peso? Descuido? Excesso de atividade física? Genético? Aquela consulta ao obstetra que não consegui agendar na data certa?Ou seria porque trabalhei demais durante a gestação? Qual remédio eu havia tomado? O que eu havia sentido e achado que era normal?
Li a desumana e completamente equivocada teoria da “mãe geladeira” e procurei no meu histórico algum milésimo de segundo que eu não tenha demonstrado meu amor ao feto que se formava.
O que eu deveria ter feito diferente?
E a resposta é uma só: NADA!
Não poderia ter feito nada diferente, fiz o meu pré-natal corretamente, me alimentei melhor que nunca, cortei refrigerante, fritura, doces.
Tomei meus suplementos para o meu bebê se gerar da melhor forma possível.Todos os dias conversava com aquele bebezinho que se formava e nunca vou esquecer a sensação dela mexendo na barriga. O nascimento dela foi a experiência intensa e milagrosa de toda a minha vida. Tive medo de perdê-la e de nunca poder ver mais seu rosto.
Tentei Amamentar, esgotei leite, ia no Banco de leite do hospital todos os dias, me cuidei, me dediquei,…
Quando nasce a mãe deveria nascer a auto compaixão, o auto acolhimento, associada a perseverança, ao amor, a tolerância, ao aprendizado sem culpas ou cobranças.
Quando nasce um bebê ele começa a descobrir o mundo, quando nasce a mãe ela redefine seu mundo.
Os dois exigem um processo! Esse processo deve e merece ser lindo, leve e prazeroso.
Porém nem sempre é assim leve, prazeroso e lindo, existe uma autocobrança e um sentimento de que nada que fazemos parece ser suficiente.
Mas eu estou aqui pra te dizer que te entendo, essa fase vai passar e virá muitas outras fases, não será fácil, não será prazerosa, porém será única. Você vai chorar, vai se desesperar, vai cansar....
Mas também você vai se tornar forte, corajosa e sensível. Você verá o mundo de outra forma, você terá mais empatia, mais compaixão, mais amor ao próximo.
Você ajudará muitas outras famílias porque só entende o processo quem passa por ele.🥰
Quéren da Rosa
Mamãe da Heloísa