
23/07/2020
A análise é um trabalho de investigação do sofrimento, o que quer dizer que o sujeito que está em análise passa a se indagar sobre a sua dor.
Quando se chega ao consultório do analista o que se vê presente na fala do paciente é uma reinvindicação do tipo “eu sinto dor, faça algo por mim”, e a análise, a partir de seus mecanismos próprios, faz com que ele comece a se interrogar, transformando a sua reivindicação em questão, “por que eu sinto dor?”. Aquilo que não se sabe, passa a ganhar forma e endereço.
Com isso, o paciente descobre que o sofrimento tem procedência em épocas anteriores e a análise possibilita que ele acesse essas vivências mais primárias. Trata-se, portanto, de um processo de historicização da dor: o paciente é levado a rememorar caminhos já percorridos o que torna possível que ele situe como essas memórias atravessam seu corpo e suas relações e dão forma às suas vivências no presente.
É esse trabalho minucioso de encadeamentos entre passado e presente que permite que o paciente faça deslocamentos da sua posição frente ao mundo. Novos arranjos, dobras e desdobras que dão outros rumos possíveis à sua existência.