14/09/2020
Para o Setembro Amarelo é importante refletir sobre a saúde mental de acadêmicos diante de suas vivências na graduação e/ou pós-graduação.
A carreira acadêmica se inicia e junto a ela está a expectativa de um futuro promissor, essa expectativa, traz consigo vários sentimentos, que vão do afeto e da paixão, à angustia, o medo, a ansiedade e o desamparo. As cobranças por produção e perfeição por aquilo que se faz, por vezes nos atravessa e traz o outro (que pode ser o professor/orientador, os colegas, a família, etc.) como alguém a ter a expectativa suprida.
Sobre a expectativa, por vezes se pensa em um padrão cronológico a ser seguido no decorrer do curso, assim como, na produção necessária para ter um “Lattes a altura” do que se é desejado, aniquilando assim a própria subjetividade e o processo acadêmico. Por sermos seres desejantes com singularidades diferentes, temos um processo diferente, sendo assim, o sentir, o suportar e o agir diante da vivência se torna de cada um.
A academia também traz o sentimento de pertencimento. A sensação de ser alguém ou ter sua identidade afirmada somente pela produção realizada reflete a ideia de “ser pelo que se produz” e quando não se consegue suprir estas expectativas, desencadeia-se sofrimento, vontade de desistir do que se almeja e pensamentos de desistir da vida, acabar com a angustia e a dor que se sente.
Quando desenvolvemos um sofrimento, podemos sentir medo, vergonha ou dificuldade em falar sobre e não sermos compreendidos ou mesmo podem aniquilar esse sentimento naturalizando-o. Para conseguir lidar com nossas emoções é importante procurar um profissional habilitado que nos acolha e escute sem julgamento e também ter uma rede de apoio - familiar ou social - com quem se tem vínculo afetivo e confiança.
Para além do Lattes, precisamos lembrar que cada um de nós tem sua cronologia e suas vivências e a forma de lidar com situações cotidianas difere do outro. Também devemos nos ater e falar sobre a prevenção ao suicídio e sobre saúde mental durante o ano todo, pois a vida acontece, as vivências frustram, mas uma rede de apoio e profissionais capacitados são fundamentais para que se possa passar por isso.
Pâmela Koch
Psicóloga CRP-12/14.747