12/12/2024
Hoje venho falar de algo pouco comentado, a dor pela morte de pacientes. Uma dor silenciosa e estranha de alguém que não possui vínculo afetivo, familiar ou próximo no sentindo pessoal, mas, que por um bom período entregou sua história de vida, suas dores mais profundas, sua pior e melhor versão, suas verdades, seus traumas… ou talvez todos aqueles sentimentos que mais tinham medo…. Principalmente o medo da morte…. Todos esses aspectos abordados nas sessões. Fiquei aqui pensando que talvez foi um processo de preparação, talvez a criação de falsas expectativas, mas, por ordem do destino ou não aquele paciente levanta da poltrona, sai pela porta com frases de gratidão e sorriso no rosto e nunca mais retorna….talvez não por opção, mas pela condição de saúde física….e que muitas vezes pela condição psicológica Sentimos o vazio frio e silencioso da morte. As proporções são incomparáveis. A família sente a dor intensa, a síndrome do coração partido se faz presente por meses a fio, filhos sentem a ausência, cônjuges diferentemente, mães, pais, irmãos, cada qual sente a partida da sua maneira.
Nos profissionais também vivemos o luto ao perdermos os nossos pacientes. E a morte? Ela existe para todos, doentes ou não, sejam crianças ou velhos. Ela existe, calma ou súbita. Lenta ou rápida, ela existe.
Assim, ao se deparar com a finitude o presente se faz presente. Damos importância aos encontros. As palavras podem ser ouvidas com atenção entre pontos e vírgulas. Possibilitamos encontros dos olhares durante nossas conversas e permitimos que a tecnologia descanse por longos minutos. Observamos o dançar dos pássaros, a conversa das árvores e a perfeição da natureza. E o céu, azul, cinza, negro, com sol, chuva ou estrelas, sempre bonito. Tão infinito, tão misterioso.
Mas mesmo assim ainda lembramos daquela vida que nos tocou e que tocamos…”Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha. É porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós…as pessoas não se encontram por acaso….” E assim ficam na memória…