Psicólogo Alexandre Petry

Psicólogo Alexandre Petry Psicólogo clínico – CRP 12/14897. Atendimento especializado para adultos, adolescentes e crianças a partir da abordagem psicanalítica.

De todos os efeitos do enunciado “O analista se forma no divã”, creio que o pior deles é justamente o fato de que a anál...
11/10/2022

De todos os efeitos do enunciado “O analista se forma no divã”, creio que o pior deles é justamente o fato de que a análise pessoal acaba se transformando numa espécie “bizarra” de estágio. O que é para ser um espaço de análise pessoal vira um espaço de teoria e supervisão, um lugar de “referência teórica”, de forma que o analisante transforma o profissional psicanalista em uma referência técnica, isto é, em uma forma de exemplo de profissional. Assim, as condutas, intervenções e práticas que o profissional faz em relação ao analisante não são questionadas, sendo entendidas como “se ele faz assim, eu posso fazer também, porque está correto” ou ainda “deve ser assim mesmo a condução do trabalho do psicanalista”, o que permite a naturalização de violências e abusos no campo psicanalítico de várias formas. Da mesma forma quando um psicanalista em formação ou estudante de psicologia entra em contato com um psicanalista para fazer análise, de ambas as partes muitas vezes parece que essa análise não deve ser tratada como “algo comum”, como se, nestes casos em decorrência da famigerada formação psicanalítica, essa análise deve seguir outros caminhos.

Notem que não estou dizendo aqui que a análise pessoal não é importante, estou dizendo que precisamos dar a ela o lugar efetivo que ela ocupa. Creio que este enunciado acaba encobrindo diversos problemas que, na impossibilidade de pensarmos nos seus efeitos, acabamos repetindo no nosso campo.

“Eu não sei o que falar ou não vou saber o que falar no momento X”, é algo muito comum de se ouvir entre os psicanalista...
04/10/2022

“Eu não sei o que falar ou não vou saber o que falar no momento X”, é algo muito comum de se ouvir entre os psicanalistas que estão iniciando. Existe uma imagem de que o psicanalista deve, obrigatoriamente, sempre saber o que está acontecendo, pensando e entendendo o que está além dos fatos que estão se manifestando. Como sabemos muito bem, talvez seja por esse motivo que o silêncio é algo tão naturalizado pelos analistas, afinal, supostamente, “o silêncio não comete erros”.

Eu confesso que, poder entender que o analista é um ignorante frente aquilo que ocorre com o seu analisante se tornou uma benção para mim, um livramento que demorou bastante tempo para eu entender. Ignorante não no sentido de não se interessar, mas no sentido de não saber (ainda…) o que está acontecendo. É necessário que o analista possa perguntar, interrogar, deixar claro que não está entendendo, que não está encontrando sentido no que o analisante está dizendo. Até mesmo um prazer de poder dizer “Não sei”, seja sobre o futuro do Brasil, seja sobre o que aconteceu em determinada situação X, Y ou Z, seja quando o meu analisante me pergunta sobre o que fazer. “Não sei, mas podemos tentar descobrir e pensar nisso juntos” para mim é uma saída muito mais rica para o progresso da análise do que o silêncio ou uma cara de maestria. Isso porque qualquer resposta que o analista possa dar, neste contexto, é uma resposta obviamente sem cabimento, porém é muito mais frutífero podermos pensar nesta impossibilidade com nossos analisantes do que efetivamente fingir que sabemos de algo. E o sujeito suposto saber? Alguns dirão. Sobre isso, podemos dizer: não estamos falando de alguém, e sim de um lugar.

O fato de que podermos dizer não sei para tantas coisas nos livra de supostamente termos um superpoder que obviamente não temos, da mesma forma que permite reconhecermos nossos próprios limites, factíveis e clínicos da psicanálise. E sabendo de tais limites, nosso trabalho não se torna menor: muito pelo contrário, sabemos muito mais sobre o que podemos e conseguimos fazer. E quando não sabemos o que dizer, somos mais sinceros, com nós mesmos e com nossos analisantes.

Não é fácil pensar o que consiste um tratamento psicanalítico, e não estou aqui para dizê-los. Entretanto, para que que ...
20/09/2022

Não é fácil pensar o que consiste um tratamento psicanalítico, e não estou aqui para dizê-los. Entretanto, para que que serve falar num tratamento psicanalítico? Essa é uma dúvida muito recorrente e até mesmo óbvia no cotidiano de quem é leigo e de quem está se inserindo nos estudos da psicanálise. A premissa de falar, todavia, é a teoria de que, através da fala que faz demonstrar uma linguagem, é possível pensar uma articulação de trabalho. Quer dizer que, não apenas o tratamento, mas a possibilidade de resolução do caso e a criação do sintoma são produtos da linguagem. Vejam, isso não é simples, é algo extremamente complexo e difícil.

O nome que damos para esses “efeitos” e organizações resultantes da linguagem são vários na clínica lacaniana: Outro, signif**ante, sujeito, objeto a, etc. Cada um é um conceito específico, bastante trabalhado e de difícil compreensão. Mas a ideia é que podemos localizá-los, às vezes não de forma tão clara assim, às vezes apenas teoricamente, no tratamento psicanalítico. Dentre esses conceitos, se presume que, em determinada condição, exista um saber, articulado na relação entre signif**antes, que possa resolver as condições apresentadas. E é nesta premissa que se pode, resumidamente, buscar a direção do tratamento.

“O ato psicanalítico apresenta-se como uma incitação ao saber. A regra dada ao psicanalisando implica que ele pode dizer tudo o que quiser. [...] Se podemos confiar neles nessa empreitada, é, muito exatamente, por causa de algo que está aí, implícito, mesmo que eles não sejam capazes de dizê-lo: é que, digam vocês o que disserem, existe o Outro, o Outro que sabe o que isso quer dizer.” (LACAN, Seminário 16, p.333).

Outro, signif**ante, sujeito e tantos outros conceitos são operadores do nosso trabalho clínico. Isso também é importante: é na premissa da existência deles é que conduzimos o nosso trabalho. De tal outra maneira, não é possível pensarmos em uma clínica efetivamente lacaniana. Ainda que falemos, sabemos que não é tarefa simples, justamente pela sua imensa relevância.

**ante

O uso e função do divã no campo psicanalítico é alvo muitas vezes de confusões e problemáticas, ao ponto de ser consider...
13/09/2022

O uso e função do divã no campo psicanalítico é alvo muitas vezes de confusões e problemáticas, ao ponto de ser considerado muitas vezes como sinal de “garantia” de que uma psicanálise ocorra. Creio que muitas vezes isso é em decorrência de certa dificuldade em pensarmos o que consiste uma psicanálise em si e o que fazemos dentro de um tratamento, seja no sentido de eficácia, seja no sentido de problemáticas. Resolvi trazer alguns pontos que são fundamentais para pensarmos o divã no campo psicanalítico e refletirmos sobre o que temos feito com tal ferramenta de trabalho.

Há um problema que tem crescido na tentativa de evitarmos um caminho em direção a responsabilidade subjetiva e a individ...
09/09/2022

Há um problema que tem crescido na tentativa de evitarmos um caminho em direção a responsabilidade subjetiva e a individualização do analisante no que tange ao seu sintoma, desejo, discurso, entre outros e como suposto “condenável” na condução de sua vida. A ideia de que o analista é o responsável pelo tratamento e a condução do caso, bem como aquele que dirige o tratamento, possui uma hipótese diagnóstica, uma ideia de cura e teoria não faz com que, obrigatoriamente, na condição do caso não prosseguir, a culpa seja do analista. Isso é algo bastante problemático e delicado. Reconheço e acredito que é importante deixarmos claro o papel do psicanalista dentro da psicanálise, para além de um discurso em que ele “apenas acompanha o analisante onde quer que ele vá”, todavia, isso não é dizer que o analista é o regente e “rei” da solução do tratamento.

O risco de f**armos nesta lógica é o de justamente acabarmos invertendo a questão da responsabilidade subjetiva, desta vez não na figura do analisante, mas na figura do analista. Vejam que isso não resolve o problema: apenas muda o “culpado”. O discurso de individualização permanece, apenas muda de figura.

Mas aí se pergunta: a culpa então é de quem? Pois talvez seja isso é que precisamos pensar, porque obrigatoriamente “alguém”, um indivíduo tridimensional, precisa ser o culpado? Vejam que não estou dizendo que o analista não é responsável por uma série de fatores, e não estou dizendo que não existam fatores que não estão em jogo para além das questões clínicas, estou justamente apontando para pensarmos o porque permanecemos num movimento de culpabilidade. Uma possível resposta é a questão da sociedade contemporânea, que fomenta essas noções. Até porque refletir sobre discursos é algo muito mais difícil.

Lembrar desses pontos podem nos ajudar a pensar uma clínica muito mais assertiva frente às problemáticas que se apresentam na condução dos casos e as expectativas frente ao lugar que o analista pode ou deve ocupar.

Não me entendam mal, eu realmente acredito que nos últimos anos temos conseguido juntos propor uma virada no que tange a...
06/09/2022

Não me entendam mal, eu realmente acredito que nos últimos anos temos conseguido juntos propor uma virada no que tange a psicanálise no Brasil, porém, acredito que ela é ainda muito restringida a um grupo minúsculo da população, bem como o seu estatuto e organização no que tange a sua transmissão e a formação psicanalítica. Hoje é comum encontrarmos através de instituições psicanalíticas a necessidade de investir valores altíssimos, dentro desses espaços em cursos, análise, supervisão e outras questões para poder participar e ser reconhecido como psicanalista entre esses pares. Sem dinheiro = sem desejo.

A comunidade psicanalítica, em uma grande parte, também é bastante rígida sobre determinados debates, temas e discussões. Pensar e criticar Freud? Nem pensar. Política, debates ideológicos, lutas de classe, debates sobre o feminismo, entre outros? Tudo "política de identitarismo e negação de diferenças". Análises caras, valores abusivos e a impossibilidade de negociar custos são justif**ados como teorizações ligadas ao "gozo" e a "bancar o seu desejo". Toda vez que surgem críticas à psicanálise e ao fato dela ser seletiva, os psicanalistas muitas vezes têm o costume de responder com interpretações selvagens.

A ausência de debates mais próximos às questões sociais, bem como a repetição e o não questionamento de muitos padrões fazem que, na minha opinião, a psicanálise ainda se mantenha muitas vezes num elitismo. Elitismo que é, antes de mais nada, silencioso e muito pouco questionado, assim como várias outras problemáticas que encontramos ligadas a classes sociais e privilégios. Essa é uma crítica não apenas minha, mas a de muitos que tem se permitido trazer esse debate ao campo e que penso como necessária. Negar esse problema não nos facilitará de nenhuma maneira pensarmos em uma psicanálise que seja realmente democrática, transmissível e possível.

Mais do que um processo de nomeação através de uma ritualização ou inserção em determinados espaços, é importante que, p...
05/09/2022

Mais do que um processo de nomeação através de uma ritualização ou inserção em determinados espaços, é importante que, para se poder nomear de psicanalítico ou não o trabalho que é realizado (e, como consequência, de psicanalista a pessoa que realizou tal tarefa), seja importante que possa se reconhecer a distinção entre o trabalho do psicanalista em relação a outras áreas de saber. Assim, se “nomear” psicanalista ou não é de certa forma ao meu ver algo secundário, pois o elementar é saber reconhecer o que consiste o trabalho e a teoria psicanalítica.

“Uma psicanálise, padrão ou não, é o tratamento que se espera de um psicanalista” - Lacan, p.331 dos Escritos.

Encontramos na obra freudiana respaldos da ideia de que, Freud, como médico, acreditava que a psicanálise deveria ser vi...
30/08/2022

Encontramos na obra freudiana respaldos da ideia de que, Freud, como médico, acreditava que a psicanálise deveria ser vista como uma forma de tratamento para um conjunto de doenças específ**as, as chamadas neuroses de transferência. Era comum na época também pessoas viajarem até Viena, se hospedarem em algum local e passarem alguns meses fazendo análise com Freud (lembrando que Freud atendia o paciente de segunda à sábado). Assim, na concepção de Freud, a análise seria como uma espécie de cirurgia, em que, assim como em um procedimento médico, o paciente deveria ter a noção de que estaria passando por um tratamento e deveria ter todo o seu foco e a sua atenção para priorizar a cura e a sua recuperação.

Encontramos orientações disso em várias recomendações de Freud, como quando ele diz que os analisandos não deveriam tomar decisões importantes enquanto estão em tratamento, ou ainda recomendações aos familiares durante o tratamento analítico. A noção mesmo de tratamento duradouro, de duração de anos, não é mencionada por Freud justamente porque ele atendia em apenas alguns meses seus pacientes. Noções como essas são importantes na hora de lermos os textos freudianos, pois é necessário lembrarmos que o método analítico foi criado por alguém que veio da medicina, e que talvez isso não o escape de algumas semelhanças e erros.

29/08/2022
Cedo ou tarde acabamos nos esbarrando com esses problemas no nosso campo de trabalho, o que dificulta pensarmos no estat...
24/08/2022

Cedo ou tarde acabamos nos esbarrando com esses problemas no nosso campo de trabalho, o que dificulta pensarmos no estatuto e fundamentação da psicanálise, seja como teoria, seja como prática. Não apenas isso, mas essas dificuldades acabam por barrar o acesso e a democratização da psicanálise entre os próprios psicanalistas e entre aqueles que se interessam por adentrar em tal esfera.

E aí, concorda ou discorda? Já reconheceu algum desses problemas no seu cotidiano? Deixe seu Like, salve para ver depois e deixe seu comentário.

Hoje trago uma importante contribuição de Eidelsztein em seu livro “O Grafo do Desejo”. Temos o costume de ouvir falas t...
23/08/2022

Hoje trago uma importante contribuição de Eidelsztein em seu livro “O Grafo do Desejo”. Temos o costume de ouvir falas tendenciosas como “você precisa bancar o SEU desejo” ou “qual é o “meu” desejo?”. Acontece que quando usamos o pronome “eu” numa lógica ligada ao desejo, podemos estar supondo que o desejo está ligado a algo individual, algo de uma ordem em que, “Eu”, Alexandre, tenho um desejo e o meu analista tem um outro desejo, e a análise deve caminhar para eu descobrir qual é o “meu” desejo. Essa frase reforça o caráter individualista do analisando, bem como possibilita reforçar determinadas formas de responsabilidade subjetivas e a noção de um sujeito inconsciente formado, organizado, ativo.

Porém, Lacan demonstra em seu grafo do desejo (e ele fala grafo do desejo, e não grafo do desejo do analisando) que elementos como gozo, objeto a, fala, voz, signif**ante, são constantes durante a experiência analítica. Mais do que isso, o grafo do desejo fala sobre as articulações discursivas da experiência analítica (os signif**antes, por exemplo, são os signif**antes da análise, pois são elencados pelo analista). Com isso, Eidelsztein afirma:
“Nós mesmos, como analisantes, podemos determinar qual é a nossa demanda de análise, o que demandamos do Outro - por mais inconsciente que seja. O que não deixará nunca de ser uma opacidade é o nosso desejo. O problema do nosso desejo é que, justamente, NUNCA É NOSSO [Dou ênfase].

A estrutura, então, não é a do “eu desejo”, mas a de um “se deseja”. [...] …a insciência máxima para todo sujeito neurótico está colocada naquilo que se deseja: fundamentalmente a partir de onde deseja, e não tanto o que deseja. A pessoa poderia chegar a encontrar o que deseja, o que não encontrará jamais é de onde deseja isso, porque o desejo do homem é o desejo do Outro”.

Portanto, é importante nos lembrarmos: o desejo não é nosso, porém não nos livra da tarefa de trabalharmos e corrermos atrás dele. Talvez com essa referência, seja mais fácil lembrarmos que o trabalho analítico é algo conjunto (muitos mais dependente do analista) do que algo separado em partes pelo suposto desejo “do” analisando.

Muita gente não tem onde perguntar, questionar ou ainda mobilizar suas dúvidas e dificuldades no campo psicanalítico. Pe...
19/08/2022

Muita gente não tem onde perguntar, questionar ou ainda mobilizar suas dúvidas e dificuldades no campo psicanalítico. Pensando nisso, criei esse post. Deixe aqui sua pergunta ou me mande Inbox se preferir, que estarei pensando em um material especial para responder para vocês. Lembre-se que não existem perguntas ou dúvidas erradas, apenas o errado é sempre não ter lugar algum para perguntar.
Lembrando que estarei respondendo a partir da minha opinião e da minha visão sobre a teoria psicanalítica. Se atentem a perguntas sobre a teórica psicanalítica, dificuldades e dúvidas clínicas, mas não relatos de pacientes, ok?

Difícil mesmo é encontrarmos psicanalistas que vão dizer que a teoria e a supervisão são importantíssimas tanto quanto a...
15/08/2022

Difícil mesmo é encontrarmos psicanalistas que vão dizer que a teoria e a supervisão são importantíssimas tanto quanto a análise pessoal. E que podem dizer que no início da clínica a supervisão talvez seja mais importante do que a análise pessoal, de que análise pessoal sem o estudo da teoria não basta, etc. Isso sim é difícil de encontrar. Agora dizerem que tudo se resolve na análise, independente da questão, é uma vivência comum. Tão comum que ninguém a questiona.

A análise pessoal é importante – quanto que ela é importante, cada vez mais me questiono sobre isso – agora dizer que ela é a peça fundamental, inquestionável, creio que é algo problemático. Isso porque se vende a ideia com este enunciado de que é numa análise que a pessoa vai descobrir sobre o que é ser psicanalista. E o que acontece? Muitas vezes se utiliza o “modelo” do seu próprio analista para dizer que esse é o trabalho analítico. As intervenções, os cortes, os silêncios, os manejos que o psicanalista faz com o seu analisante (candidato a psicanalista) são lidos por este último como a naturalização do trabalho do psicanalista. O que é para ser um lugar de análise vira um lugar de uma espécie de estágio, onde o analisante vai aprendendo que, de certa forma, o que o seu psicanalista faz, diz, questiona e aborda é o que se faz no campo. O que permite inclusive que certas violências, naturalizações e não questionamentos se repitam. Teoria e supervisão? Isso deixamos para depois. Se deixa para depois porque é uma ferramenta que o analisante pode utilizar até mesmo para questionar a sua própria análise.

A teoria vai se aprendendo, a supervisão vai se realizando com o tempo (e é muito comum os supervisores mandarem seus supervisionandos de volta à análise, como se fosse uma resposta natural para muitas das conduções), mas não a análise, análise nunca se pode faltar. Não se questiona a possibilidade dos psicanalistas irem para a análise sem ter o que falar, apenas se diz que todos devem ir, independente de sentirem que tem uma questão ou não, e passarem anos deitados no divã. Afinal, de acordo com eles, somente por aí é que alguém se torna um psicanalista.

“Percebe-se que o que aqui se furta é a natureza de uma transmutação no sujeito, e de um modo ainda mais doloroso para o...
01/08/2022

“Percebe-se que o que aqui se furta é a natureza de uma transmutação no sujeito, e de um modo ainda mais doloroso para o pensamento, por lhe escapar no exato momento em que passa à ação. Nenhum indicador basta, com efeito, para mostrar onde age a interpretação, quando não se admite radicalmente um conceito da função do signif**ante que capte onde o sujeito se subordina a ele, a ponto de por ele ser subornado.

A interpretação, para decifrar a diacronia das repetições inconscientes, deve introduzir na sincronia dos signif**antes que nela se compõem algo que, de repente, possibilite a tradução - precisamente aquilo que a função do Outro permite no receptáculo do código, sendo a propósito dele que aparece o elemento faltante.” (LACAN, p. 599, 1966).

**ante

Do stories para o feed. Gostei demais dessa pergunta. O fato é que eu sou do "Ainda", e eu realmente acredito que temos ...
25/07/2022

Do stories para o feed. Gostei demais dessa pergunta. O fato é que eu sou do "Ainda", e eu realmente acredito que temos que ser do "Ainda". Acompanhamos de forma muito comum e naturalizada a bagunça e grande mistura que se tem feito entre as ideias freudianas e lacanianas. É literalmente um suco muito estranho que não se chega a nenhuma conclusão. São direções de tratamento, noções de adoecimento e propostas de funcionamento do ser humano totalmente diferentes. Se algo de diferente ocorre, para melhor ou para pior durante a condução do caso, não se sabe sequer o porquê. Então f**a muito fácil se seduzir pelos discursos de que "uma análise não se explica", "a análise é um fazer sem saber", "a interpretação é sem sentido", etc. E aquelas regras básicas que são reconhecidas pelo campo são tratadas como inquestionáveis (o silêncio como algo normal, o analista ter que fazer X, Y, Z em qualquer situação, etc).

Quando escolhemos e trabalhamos com um autor, estamos propondo trabalhar com a sua noção de epistemologia, as suas bases, as suas propostas. E é somente na medida em que podemos nos aprofundar em determinado autor é que podemos propriamente ter uma direção de tratamento clara e um rigor científico devido. Vejam que aqui não estou falando de se trabalhar com Lacan, estou falando sobre você, quando pensar e estruturar a sua clínica, ter de forma clara o que você acredita e fundamenta o seu trabalho. Muitas vezes acabamos misturando os autores porque não conseguimos reconhecer e sustentar os problemas da teoria de determinado autor ou pensar em suas resoluções. Então acaba virando uma bagunça, uma co**ha de retalhos totalmente perdida.

Creio que hoje boa parte da comunidade psicanalítica acaba naturalizando essa mistura de autores e inclusive não questionam isso - e sim tratam como se fosse algo da própria estrutura da psicanálise! E com isso, f**a muito difícil reconhecer todos os problemas que temos encontrado durante o nosso percurso, seja nosso ou dos nossos pares.

Endereço

Rua Nereu Ramos 75 D
Chapecó, SC
89801-023

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Psicólogo Alexandre Petry posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Compartilhar

Psicólogo Alexandre Petry

Psicólogo clínico - CRP 12/14897.

Bacharel em Psicologia pela UNOESC. Pós-graduado em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica pela Unochapecó e mestrando em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal da Fronteira Sul.

Atuo com atendimento especializado para adultos, adolescentes e idosos a partir da abordagem psicanalítica. Através desta, a psicanálise tem como foco, por meio do diálogo e da reflexão, produzir novos efeitos de sentido para a vida do sujeito que busca tratamento nas mais variadas formas de sofrimento.