A ASSOCIAÇÃO HOSPITALAR CHIAPETTA
No início da colonização de Chiapetta, as pessoas passaram por muitas dificuldades quando
adoeciam, pois os hospitais mais próximos ficavam em Três de Maio, Santo Ângelo, Giruá ou Ijui. Mais Tarde, também teve hospital em Catuipe. Além das distâncias, as estradas eram péssimas e os
automóveis, poucos. Quando alguém adoecia, fazia-se medicação caseira. Utilizavam-se plantas medicinais, ou
medicamentos adquiridos no comércio em geral, o que na época era permitido. Não faltaram pessoas leigas que exerciam alguma atividade ligada à medicina, como parteiras,
“arrumadores” de ossos quebrados e curandeiros. A senhora Anilda Fanck, além de parteira, tinha uma
pequena farmácia em sua casa. Os casos mais graves ela encaminhava ao médico. Também foram
parteiras: Carolina Berchorner, Catarina Krohn, Catarina Pöerch, Elizabete Eickhoff, Verônica
Dalferth Matilde Willenbörg, Berta Mohr dentre outras. Como arrumadores de ossos destacaram-se
Albino Herrmann e Dalmiro da Silva. A prática do curandeirismo também era exercida em nosso município. Esta atividade, embora
combatida pelos padres e pastores por envolver elementos contrários ao cristianismo, tinha seus
agentes. Foram curandeiros, Altivo Veiga, Dorival Toledo, Gennes e Elfrida Rott. Havia também os benzedores, prática que ainda hoje tem seus agentes, não faltando quem
busque alívio para suas dores através de um benzimento. Benze-se contra cobreiro, rendidura, mingua,
ar, mau olhado, e outros males. Nos primórdios da colonização a senhora Isaltina, mulher do Pedro
Isabel, moradora do Faxinal, benzia até contra picada de cobra. Posteriormente destacou-se o
“Candinho”. Atualmente destacam-se a Anadir Maron e a Nair Pinto de Moura. A partir de 1940, a população passou a socorrer-se também com o “Dr. Fontoura”, no Inhacorá. Este cidadão, cujo nome completo era Valdemar da Fontoura Rangel, fora estudante de medicina, mas
abandonou o curso. Exerceu por muitos anos a função de médico, sendo que, encaminhava os casos
mais graves aos hospitais da região. Por volta de 1952, veio residir na sede da colonização o médico Bruno Nürich, que clinicou por
algum tempo em sua residência, realizando, inclusive, pequenas cirurgias. No dia 06 de julho de 1952, reuniu-se no Salão do Armando Fanck, um grupo de pessoas com
o objetivo de fundar um hospital. Nesta reunião compareceram, dentre as autoridades, o prefeito de
Santo Ângelo, Odão Felipe Pippi. Nesta reunião foi escolhido o presidente do que viria a ser a futura
“Associação Protetora do Hospital de Chiapetta”. O presidente escolhido foi Luiz Francisco
Kronbauer, que ficou incumbido de escolher outras pessoas para compor a diretoria. Assinaram a ata,
55 pessoas. No dia 20 de julho, em uma reunião, foi apresentada uma diretoria que ficou assim constituída:
Irineu Martins, presidente de honra; Luiz Francisco Kronbauer, presidente; Edgar Schossler, vicepresidente;
José Brand Sobrinho, primeiro-secretário; Arno Henz, segundo-secretário; Carlos Walter e
Helmuth Böhn, tesoureiros; e Ernesto Schervitz, João Both e Pedro Biesdorf, conselho fiscal. Aos poucos foi se organizando a sociedade hospitalar, cujos membros contribuíam com
dinheiro, faziam festas e campanhas para arrecadarem recursos para a construção do hospital. No dia 11 de maio de 1958, realizou-se a inauguração solene do novo hospital, com a presença
de diversas autoridades vindas de Santo Ângelo. Houve festejos durante o dia. Em 18 de janeiro de 1959, houve a inauguração interna do hospital com festa popular onde se
procedeu ao leilão das diversas dependências. A partir da inauguração interna do hospital, assumiu o médico Rubem Keller que treinou uma
equipe de auxiliares composta por uma atendente de enfermagem (Olívia Siezemel); uma anestesista
(Asta Scherer); uma cozinheira (Irene Brem); e uma faxineira (Ana Boiarski). Nesta época veio residir o farmacêutico Armindo Wolff, que também auxiliava o médico nas
cirurgias. Não havia luz elétrica, apenas um gerador. Houve casos em que um auxiliar de cirurgia subia
em uma cadeira para iluminar o campo cirúrgico com uma lanterna. A anestesia era feita com éter ou
uma injeção na veia. Não havia atendimento gratuito à população no hospital, pois o Posto de Saúde começou a
funcionar a partir de 1970, em um prédio anexo que havia nos fundos do hospital. Este atendimento
era exclusivamente para os carentes. As pessoas pagavam pelo atendimento no hospital. Sendo que os
sócios obtinham descontos. Houve casos em que os mais pobres pagavam com prestações de serviços
ou produtos da colônia. Devido às dificuldades em manter o hospital e a precariedade da Vila Chiapetta – não tinha
calçamento, luz, água potável, telefone – os médicos permaneciam pouco tempo. Em 1968, o hospital foi vendido ao médico José Joaquim de Mello, pela quantia de vinte e dois
mil Cruzeiros Novos, pago em prestações. Assim, extinguiu-se a Sociedade Protetora do Hospital de
Chiapetta. A última reunião da entidade ocorreu em 31 de maio de 1969. O médico José Joaquim de Mello permaneceu em Chiapetta até a sua morte ocorrida em 02 de
maio de 1995, tendo prestado inestimável serviço à população. No ano de 1986, o hospital foi comprado pela Prefeitura, passando a ser um hospital municipal. Nesta época foi remodelado e, posteriormente, ampliado. Outros médicos foram assumindo o trabalho
no hospital. Em 1994, fundou-se uma sociedade e a Prefeitura entregou o hospital a esta sociedade. Atualmente o hospital conta com trinta leitos. Em 1980, o Posto de Saúde passou a funcionar em novas instalações à rua Cel. Raul Oliveira. Em 1991 e 1999 o posto foi ampliado. Oferece atendimento a toda população pelo Sistema Único de
Saúde. Chiapetta conta com três farmácias e um laboratório de Análises Clinicas. No que diz respeito à Odontologia, nos primeiros tempos à população ia até a localidade de
Flor de Maio, próximo à cidade de Três de Maio, onde havia um profissional. Posteriormente vinha
um odontólogo de São José do Inhacorá que atendia em uma residência. Em 1968, veio residir e
clinicar o odontólogo Roque Kieling, posteriormente Darci Zwirtz e outros. Histórico retirado do livro "CHIAPETTA: UM RESGATE DE SUA HISTÓRIA" do Prof. Elton Brzezinski