
05/06/2024
O quanto de você tem no seu sofrimento?
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Imediatamente se entender como partícipe ativo do seu sofrimento pode gerar um pouco mais de dor do que já está no momento da sua crise ou no sentimento de impotência sobre a vida que se torna opressora.
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No entanto, ao adentrar no setting clínico, na presença de um psicólogo ou psicanalista que poderá te dar acolhimento em um ambiente seguro, verás com o tempo, que será o entendimento da sua participação efetiva o que garantirá a cura, ou o sobressaltar sobre os pontos nodais daquilo que te faz sofrer.
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Devagar e constante. Como escreve Manoel de Barros “avançando para o início.”
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Entender-se como parte central do seu sofrimento, quase sempre é compreender que a sua formação como sujeito vai além das suas escolhas conscientes; é olhar para trás e enxergar, por meio de uma pequena lupa, acontecimentos, entendimentos e percepções de mundo que foram introjetadas em sua forma de pensar e agir sem mesmo entender o porquê mas que simplesmente foi impresso e atualmente gera angústia e dificuldades.
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Introjeções, ausências, negligências, interpretações, abusos, cultura, etc. Inúmeros são os processos que geram traumas, cisões psíquicas e formações egóicas não saudáveis que podem ser causadoras de um mal estar permanente.
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É por esse caminho de olhar-se para si com compaixão, carinho e amor que algo pode mudar de dentro para fora. Entender os sintomas (aquilo que incomoda e persiste) inconscientes e que foram recalcados por uma psiqué que lhe que proteger a todo instante tornando-os conscientes, pode ser o caminho da diminuição do sofrimento até sua extinção.
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Amar a si, compreender que mesmo àqueles que mais amamos podem ter contribuído para nossas dificuldades e dores é um ato de coragem.
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Uma pergunta freudiana que pode, portanto, orientar a todos: “Quanto de você existe naquilo que você odeia?”
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Descobrir-se é retirar de cima de si algo que ao mesmo tempo lhe aquece mas pode estar pesando.