A massagem é uma arte milenar de cura, tratamento e bem-estar. Surgiu desde a remota pré-história e foi desenvolvendo-se ao longo do tempo em diversas culturas, de formas variadas. Atualmente é conhecida como Massoterapia e pode ser considerada como uma das formas de trabalho corporal ou Bodywork. Embora os profissionais da área de saúde prefiram situar a massagem num contexto de terapia sob uma ó
tica exclusivista em relação ao conceito instituído de saúde, a arte da massagem deve ser entendida com mais profundidade. Até porque, em suas origens orientais o conceito de corpo não é dicotomizado e fragmentário como no ocidente. Desta forma, deve-se entender a massagem não só como uma terapia, mas como uma arte, e como tal, pode desencadear processos de cura profundos, além do fisiológico. A arte aqui referida é a arte de tocar, não só o corpo, mas também a alma. Este toque profundo traz um equilíbrio geral que acaba culminando num processo curativo. Mas o objetivo do toque não é com a intenção específica de curar, mas antes, de humanizar, de aproximar as pessoas de sua verdadeira natureza. Com efeito, a arte da massagem não se restringe à busca da cura física, mas de uma busca natural de proporcionar deleite e prazer, resgatando a mais profunda naturalidade do ser humano através do toque e da presença. A massagem produz diversos efeitos no corpo, no emocional e no espiritual. Justamente por se tratar de um estímulo mecânico e tátil, ao mesmo tempo em que é um contato físico e pessoal, e também energético e espiritual, ela produz reações salutares no organismo que a recebe
Conforme Cassar (2004, p.56), “estas conseqüências ou efeitos da massagem são consideradas mecânica, neural, química e psicológica (Yates, 1989), ou simplesmente mecânica e reflexa (Mennell, 1920)”. Uma pessoa pode apresentar uma resposta positiva em um curto período de tempo, enquanto outro pode necessitar de um tratamento mais prolongado. As reações iniciais à massagem podem ser agradáveis ou desagradáveis. Por exemplo, num tratamento de lombalgia, a dor pode melhorar ou piorar, ou ainda, ficar dolorido o local manipulado durante um a dois dias, para depois melhorar efetivamente. Embora a massagem seja um conjunto agradável de manipulações, algumas das manobras são mais agradáveis que outras. Enquanto que outras podem gerar alguma dor ou desconforto durante a sua execução. A massagem Shiatsu, por exemplo, costuma ser dolorosa, pois os pontos de acupuntura congestionados podem estar bem doloridos ao simples toque. Alguns pacientes relatam um “dorzinha gostosa”, que se trata de uma dor agradável e curativa. O corpo sente que está sendo beneficiado, pois a massagem está proporcionando alívio e bem estar. Algumas vezes, ocorre um congestionamento nasal, que logo passa. Outras vezes, pode ocorrer o desejo de urinar ou defecar logo após a sessão, ou até diarreias freqüentes, erupções na pele ou sudorese intensa, estes são mecanismos de desintoxicação do corpo, que ao ser estimulado passa a expulsar as toxinas. É importante informar ao cliente essas possíveis reações, para que este esteja preparado. O objetivo da massagem não é diagnosticar ou curar, mas auxiliar nos processos curativos do próprio corpo: “Nós estamos ajudando a liberação de bloqueios no corpo, deixar o fluir a informação pelo sangue, linfa e energia. O corpo-mente-espírito pode então ter a melhor chance de curar a si mesmo” (WALKER, 2003, p. 107). De uma maneira geral podemos elencar os seguintes benefícios da Massoterapia:
Auxilia no alívio de dores em geral: cefaléias tensionais, lombalgia, torcicolos, contusões, estiramentos, cólicas menstruais, entre outras. Diminui o estresse e acalma o sistema nervoso. Alivia dores, tensões, espasmos e rigidez musculares. Acelera a recuperação e cicatrização de machucaduras e procedimentos cirúrgicos, hematomas, estiramentos musculares e ligamentosos
Aumenta a flexibilidade e os movimentos das articulações. Melhora a circulação sanguínea e o trânsito dos nutrientes e da linfa. Nos casos de hipertensão arterial, promove uma redução natural. Melhora o estado de vascularização e nutrição da pele, promovendo um rejuvenescimento desta. Melhora a postura, corrigindo possíveis desvios da coluna e bacia. Estimula o bom funcionamento do sistema imunológico. Estimula a criatividade, a concentração e memória. Durante a massagem é muito comum surgirem insights e soluções criativas para as situações do dia-a-dia. Reduz os gastos com medicamentos e assistência médica, uma vez que o corpo fica mais saudável e adoece menos. Promove um bem estar geral, físico, mental e emocional. EFEITOS FISIOLÓGICOS
Os efeitos fisiológicos são produzidos pela ação mecânica exercida pelas mãos, dedos, cotovelo e joelho sobre o corpo. Esta ação é produzida pelas manobras de massagem que consistem basicamente em fricção, deslizamento, pressão e percussão sobre as diferentes áreas do corpo, não somente nas regiões com adjacência muscular e orgânica (os tecidos moles, como citam a maioria dos autores), mas também sobre locais de adjacência óssea. Os efeitos biomecânicos referem a influência direta da massagem sobre os tecidos moles do corpo, creditando aos movimentos da massagem os seus efeitos como sendo unicamente biomecânicos, entretanto, não é possível atribuir apenas aos efeitos biomecânicos os resultados da massagem, porque de todo modo, sempre há um contato na pele que aciona os reflexos neurais (CASSAR, 2004). Conforme Chaitow L. Presentation (2001, apud Cassar, 2004, p.6): “massagem tem o potencial para influência emocional, bioquímica e biomecânica, usualmente sem adicionar excessiva carga de adaptação, e é conseqüentemente colocado excepcionalmente para ser aplicado na maioria das situações, do menores ferimentos até as condições terminais.”
Cassar (2004, p.6) aponta os benefícios da massagem pela ação mecânica e física (biomecânica e bioquímica), como também pela ação energética e psico-social (da presença e do toque do outro) da seguinte maneira:
"Os benefícios da massagem são vistos como sendo primariamente baseados nos princípios físicos biomecânicos, i.e. baseados cientificamente. Outros vêem a massagem como um meio com o qual uma troca de energias pode ocorrer entre o terapeuta e o recipiente e por isto, usando uma aproximação focalizada, o equilíbrio das energias pode ser ativado. Cura espiritual e toque intuitivo são aproximações similares. Outros colocam a importância sobre os fatores emocionais e psicológicos influenciando as doenças e curando-as. A significância de cada uma dessas perspectivas não é diminuída mesmo que não estão consultados sempre neste texto e apesar do fato que a ênfase aqui está primeiramente nos aspectos biomecânico, bioquímico e psico-social da massagem. O valor terapêutico da massagem se estende além da relaxação, embora nela mesma esteja o remédio e suas conseqüências benéficas curativas. Muitos movimentos da massagem têm os efeitos terapêuticos adicionais de facilitar a firmeza (ou relaxamento) dos músculos e aumentar a circulação. Entretanto, algumas técnicas são denominadas “aplicadas” porque elas são usadas para um efeito específico; por exemplo, para aumentar a drenagem linfática ou dar assistência para o peristaltismo do cólon. Seu uso é determinado pelas condições que estão sendo tratadas; invariavelmente a massagem é executada não para curar uma desordem, mas para aliviar alguns dos sintomas." De acordo com Fogaca, Carvalho e Verreschi (2007) a massagem terapêutica exerce pela estimulação táctil-cinestésica os seguintes efeitos fisiológicos:
"O impacto da massagem terapêutica sobre a secreção de cortisol, em lactentes sadios, tem sido estudado por nós.40 Utilizando um radioimunoensaio para cortisol salivar, cujo controle de qualidade vem sendo aprimorado,41 as concentrações de cortisol salivar foram observadas antes e após a massagem terapêutica, constatando-se associação entre a atividade adrenocortical e a resposta comportamental de lactentes, que já apresentavam maturação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenocortical. Durante a massagem terapêutica, não observamos sinais de estresse nos lactentes massageados. Ao contrário, 64% dos lactentes estudados adormeceram, e os demais apresentaram estado comportamental de alerta-tranqüilo. Embora o ritmo circadiano não tenha sido perdido, os valores de cortisol foram modificados em todos os lactentes, após a massagem terapêutica. Os resultados encontrados em nosso trabalho, demonstram a reatividade do sistema adrenal, frente à estimulação cutânea." Sobre estimulação táctil-cinestésica e massagem terapêutica, Fogaca, Carvalho e Verreschi (Op. citam ainda as seguintes pesquisas:
"Kuhn et al.1 investigaram o impacto da estimulação táctil-cinestésica em bebês pré-termos e neonatos, observando seus efeitos sobre o sistema nervoso simpático e a hipófise anterior. Amostras de noradrenalina, adrenalina, dopamina, cortisol e creatinina na urina foram obtidas, e concentrações séricas do hormônio de crescimento foram analisadas. Os resultados obtidos nesse estudo demonstraram que a estimulação táctil-cinestésica, em bebês pré-termos, produz efeitos na maturação e/ou na atividade do sistema nervoso simpático. O aumento de excreção urinária de adrenalina e noradrenalina, após estimulação táctil-cinestésica, foi associado a ganho de peso e maturação comportamental nos dois grupos estudados. Em contraste, os níveis urinários de dopamina e cortisol foram elevados e o hormônio de crescimento declinou nos dois grupos. Tais resultados demonstram a estreita relação entre a maturação do sistema nervoso simpático e os efeitos da estimulação táctil-cinestésica. Erasmo Duarte Massoterapeuta
(44) 9 9929-6659