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27/06/2024
A Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde convida para uma Roda de conversa sobre dois assuntos importantes: A LUTA ANTIMANICOMIAL e os 18 ANOS DA PNPICS.
Dia 29 de junho, às 14 horas.
*AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E TRADICIONAIS E A LUTA ANTIMANICOMIAL DA SAÚDE MENTAL NA PROMOCAO DO CUIDADO EMANCIPATÓRIO*
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Estamos vivendo uma situação de calamidade sanitária mundial com a pandemia do Covid-19. Como nunca antes, a sociedade rapidamente mobilizou enormes esforços institucionais, criou amplas redes locais e internacionais de solidariedade e reorganizou radicalmente os modos de vida dos diversos grupos sociais. O sofrimento e as mortes, trazidas pela pandemia, ajudaram a demonstrar a capacidade, por poucos antes imaginada, da humanidade conseguir articular solidariamente governos, instituições da sociedade civil e pessoas. No Brasil, atingido pela epidemia alguns meses após seu início, a população, apavorada com a crise vivida em outros países, passou a cobrar ações firmes e urgentes de seus governantes. Governos municipais, estaduais e federal, já contando com significativa experiência acumulada em outros países, vêm implementando várias importantes ações, nem sempre bem coordenadas. A ênfase tem sido o fortalecimento da rede assistencial a pessoas acometidas pela Covid-19, principalmente a estrutura hospitalar e os serviços de atendimento ambulatorial de urgência. A ampla rede da atenção primária à saúde, criada pelo SUS nas últimas décadas, tem sido pouco valorizada. Muito menos valorizada tem sido ainda a ampla capacidade de atuação comunitária desses serviços de Atenção Básica. Uma grande característica do SUS, que o diferencia da maior parte de outros sistemas nacionais de saúde do planeta, é a forte presença de práticas comunitárias participativas, com a construção de inovadoras e eficientes ações de enfrentamento dos problemas de saúde, com importante protagonismo dos moradores e das redes locais de apoio social. Se temos muitas carências estruturais e materiais, temos também essa potencialidade que precisa ser ampliada e valorizada, nesse momento de novos desafios. É fundamental valorizarmos agora o que temos de mais criativo. A imprensa tem noticiado muitas iniciativas comunitárias autônomas de organização de redes locais de apoio social e mobilização comunitária. Elas apontam para uma possibilidade de grande potencial, que não tem sido ressaltada no planejamento das políticas públicas para o enfrentamento da Covid-19. É fundamental integrar a enorme rede assistencial do SUS nesse esforço dos movimentos sociais, de modo a ampliar esse tipo de abordagem para todos os recantos da nação. Na maioria dos locais não temos movimentos comunitários tão organizados para tomar a frente de iniciativas semelhantes de maneira autônoma. Muitos conselhos de saúde, apesar do intenso esforço de muitos gestores para controlá-los e manipulá-los, continuam ativos e buscando a integração de ações da sociedade civil com o SUS, nos bairros, municípios, estados e em nível federal. Muito se tem investido em ações educativas junto aos grandes meios de comunicação e às redes sociais para orientar e mobilizar a população em relação aos cuidados necessários. Isso tem sido fundamental. Mas, ao mesmo tempo, se está desprezando a imensa rede de trabalhadores da Atenção Básica, entre eles as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) e as Agentes de Combate às Endemias (ACE). São cerca de 400.000 ACS e ACE espalhadas em quase todos os recantos da nação, que conhecem as peculiaridades de seus moradores e têm a sua confiança. Apesar desse desprezo, em todo o país, inúmeros ACS, ACE e outros trabalhadores da Atenção Básica vêm desenvolvendo ações extremamente criativas e eficientes no enfrentamento da atual crise sanitária. Mas a maioria vem se sentindo extremamente desamparada e desorientada. Muitos treinamentos têm se limitado ao esclarecimento técnico da doença e dos cuidados de higiene necessários de serem repassados à população. Não se discute os caminhos para a atuação comunitária nessa situação completamente diferente que impede as formas usuais de relacionamento próximo, que antes marcavam a atuação desses trabalhadores.
Como os trabalhadores da Atenção Básica podem desenvolver ações comunitárias sem se exporem a maiores riscos?
Que tipo de iniciativas são mais adequadas nesse momento?
Como estabelecer canais de comunicação e troca de experiência para animar e fortalecer essas iniciativas?
Respostas a essas questões já vêm sendo construídas por muitos trabalhadores da Atenção Básica, principalmente as ACS e ACE. Eis alguns dos caminhos de mobilização comunitária e apoio social que já vêm sendo realizados:
O uso do WhatsApp, na comunicação com os moradores acompanhados, está ganhando novas formas de utilização;
Materiais educativos artesanais têm sido produzidos para adaptar as recomendações oficiais às peculiaridades locais;
As visitas, sem entrada no interior dos domicílios, estão sendo aprimoradas; Iniciativas solidárias voltadas para o apoio a situações familiares mais difíceis estão sendo articuladas com organizações comunitárias e movimentos sociais; Campanhas solidárias para essas situações especiais estão ajudando a mobilizar a comunidade para o enfrentamento dos desafios trazidos pela pandemia;
Meios de comunicação locais, como uma bicicleta com caixa de som, rádios comunitárias, carros de som emprestados e, até, rádios-WhatsApp, canais no YouTube e em outras redes sociais vêm sendo criados ou acionados para mobilizar a população;
Dificuldades para a implementação do isolamento social e a realização dos cuidados de higiene, em famílias específicas, têm sido contornadas pelos conhecimentos das ACS das peculiaridades dos moradores e pela amizade que têm;
Lideranças religiosas locais vêm sendo acionadas para ações educativas e de apoio social a situações familiares mais difíceis;
Outros problemas de saúde, que não estão conseguindo ser atendidos na rede assistencial tão transformada, são identificados e discutidos com o restante da equipe de saúde e com gestores do município na busca de soluções;
São procuradas e aprimoradas estratégias de isolamento de casos suspeitos ou confirmados da COVID-19 em tratamento domiciliar;
Novos moradores provenientes de regiões com maior incidência da Covid-19 estão sendo identificados e orientados para manterem períodos de quarentena; Situações de violência doméstica e desequilíbrio emocional, exacerbadas pelo isolamento e o medo da pandemia, são enfrentadas, se articulando com as redes locais de apoio social ou com o chamamento de outras instituições e profissionais. O medo de contaminação está paralisando muitos trabalhadores da Atenção Básica em seus trabalhos na comunidade. A conquista de equipamentos de segurança adequados, a orientação sobre o uso e descarte seguros desses equipamentos, a valorização de seus trabalhos, o cuidado individualizado aos seus sofrimentos psíquicos e o debate de suas inseguranças e dúvidas são fundamentais para superar essa situação. A conscientização da importância social e o compartilhamento dos sentimentos são fundamentais para transformar o medo em coragem e determinação. Tem ficado muito evidente a potência sanitária dessas ações comunitárias integradas à Atenção Básica, nesse contexto da pandemia da Covid-19. A extrema insegurança da população está abrindo espaços de relação educativa que não eram antes vistos. Mas essas ações vêm ocorrendo apenas pontualmente e de forma desarticulada. Essa potência precisa ser expandida para todo o SUS e para todos os recantos da nação. As criativas iniciativas pioneiras precisam ser apoiadas e difundidas. Diante da calamidade vivida pelo país, é urgente encontrarmos estratégias para a sua expansão. Nesse sentido, a ANEPS – Articulação Nacional dos Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde, o MOPS – Movimento Popular de Saúde, a Rede de Educação Popular e Saúde e a Rede de Práticas Integrativas e Complementares, a partir da experiência do Movimentos de Mobilização Comunitária e Apoio Social no Enfrentamento do Coronavírus na Paraíba organizado pelo Comitê Estadual de Educação Popular em Saúde, estão tomando a frente da organização do “Movimento O SUS nas Ruas” para articular trabalhadores da saúde, organizações da sociedade civil, pesquisadores, gestores, estudantes e professores que acreditam na importância da ação comunitária no enfrentamento dessa pandemia. Precisamos encontrar os caminhos de apoio aos trabalhadores que já se dedicam a essa tarefa, sistematizando os conhecimentos que estão emergindo desse novo desafio; animando e orientando outros profissionais inseguros para esse trabalho no atual contexto; apoiando lutas e reivindicações por equipamentos e condições de trabalho adequados; buscando criar projetos regionais de educação permanente que permitam apoiar e orientar o amplo envolvimento profissional na mobilização comunitária e no apoio social, em conjunto com as secretarias de saúde. Acreditamos que a teoria e a metodologia da educação popular, que valoriza as iniciativas já existentes, os saberes dos agentes, o protagonismo dos grupos locais, a construção compartilhada de soluções e o diálogo respeitoso entre o saber científico e o saber popular e dos trabalhadores, é uma referência fundamental para essas ações educativas. Estamos criando um grupo de WhatsApp para articular esse movimento. Vamos organizar periodicamente reuniões e debates on-line, que serão divulgados pela internet com instrumentos como o canal Série SUS, no YouTube, que já vem publicando os debates organizados pelo movimento na Paraíba. Nesse momento de crise na organização federal do SUS e de intensa desvalorização de muitos de seus princípios orientadores, precisamos mostrar o potencial de um SUS que prioriza a participação comunitária, a integralidade, a universalidade e a equidade. O Movimento Sanitário está sendo chamado a mostrar a sua força e criatividade. Assim, o enfrentamento dessa pandemia poderá também fortalecer a solidariedade, a organização da sociedade, a consciência sanitária e o protagonismo cidadão. Venha participar.