27/07/2025
Ela pergunta se é amada, mas foge diante da resposta. Ele busca entender tudo, mas se perde no excesso de pensamento. Entre a histeria e a neurose obsessiva, forma-se um laço marcado pela falta, pela espera e pela insatisfação.
Lacan apontava que o obsessivo gira em torno da dúvida, enquanto a histérica gira em torno da demanda. Um está preso ao saber, o outro ao desejo. Um quer dominar o tempo, o outro quer provocar o desejo do Outro. E nesse jogo, os papéis se encaixam não pela harmonia, mas pela repetição.
É um casal que dança na borda do desencontro. Ele recua quando ela se aproxima. Ela se afasta quando ele tenta se aproximar. Ambos parecem querer, mas nenhum suporta encontrar de fato. Porque o encontro real exigiria que algo do inconsciente fosse tocado.
Não é uma fórmula fixa. Há histéricos em corpos masculinos e obsessivas em subjetividades femininas. O importante não é o gênero, mas a posição subjetiva diante do desejo, da castração, da falta.
Talvez eles sofram. Talvez se queixem. Mas, em alguma camada mais profunda, talvez gostem. Porque na repetição, pelo menos, já sabem o roteiro. E sair dela exigiria uma pergunta que quase ninguém ousa fazer: o que seria de nós sem esse jogo?