
06/06/2023
Em dezembro de 2016, após me formar, comecei a me perceber em um extremo vazio existencial. De início, pensei ser pela repentina mudança da minha rotina ao não ter mais a faculdade como uma responsabilidade, mas o vazio só aumentou ao decorrer dos meses. E em seguida chegou a irritação, a tristeza e o desânimo. Eu já não tinha mais energia e paciência para me socializar ou fazer coisas que costumava fazer. O básico já era muito difícil para mim.
Eu sabia que minha saúde mental não estava bem, só que me recusei a aceitar que “eu, psicóloga formada, que sempre deu conta de tudo, precisasse de ajuda” e nessa negação segui por alguns meses. Os sintomas não sumiram, ao contrário, aumentaram e com isso fui me isolando cada vez mais do mundo. O meu trabalho na época não contribuía para minha melhora e somente no final de 2019 tive coragem de pedir demissão.
Ao sair da empresa vivi a minha pior crise depressiva na vida. Eu dormia cerca de 20 horas por dia, não comia absolutamente nada e nem tinha energia para ir ao banheiro. O resultado foi uma infecção urinária grave e vários medicamentos fortes em um organismo que já estava debilitado. Eu só pensava em morrer, na verdade, eu pedia pela morte todos os dias. Ali minha família percebeu a gravidade e eu também, então finalmente aceitei ajuda.
Após o diagnóstico de depressão grave foram remédios, consultas, terapias e minha espiritualidade sendo fortalecida diariamente. Em 4/5 meses, eu respirava de alívio por conseguir ver algum sentido em viver. Eu não acreditava que estava melhorando. Depois disso foram muitas outras mudanças até eu ser quem sou hoje. Sai do quadro depressivo apenas em 2021, mas carrego esses 5 anos que lidei com a doença como uma das fases mais difíceis e significativas da minha vida.
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