27/08/2021
O que a contração faz? "Puxa" o colo pra cima, fazendo com que ele dilate pela força de retração que a parte de cima do útero faz (contrai em cima, que é a parte + ativa durante o TP, consequentemente puxa a parte debaixo, que é menos ativa) -empurra o bebê para baixo, sendo que, quanto + avançado o TP,+ a função de empurrar predomina (depois que o colo já "subiu" e o bebê tem que descer).
O útero muitas vezes começa aos poucos, com uma área menor contraindo e causando sensações dolorosas localizadas e leves. Com o tempo, vão sendo recrutadas cada vez mais áreas, a intensidade aumenta, o colo vai cedendo e subindo, o bebê vai se organizando e descendo. Até que o útero todo vai estar envolvido em um grande abraço no bebê.
A cada contração, o útero usa ocitocina, oxigênio, água, cálcio, energia etc. para fazer seu trabalho. Quando não tem nada atrapalhando, em situações fisiológicas, ele tem reservas e suporte para fazer isso. Se há desafios maiores, pode ser que essas reservas se desgastem e o útero precise se recompor.
Quer ver um exemplo? Quando alguém é forçada a f**ar de barriga para cima durante o TP, o útero precisa gastar um pouco mais de energia para atuar contra a gravidade, para de certa forma se erguer e colocar o bebê no eixo da saída, ao mesmo tempo em que puxa o colo e empurra o bebê. Trabalho dobrado, né?
Muitas situações podem levar o útero a fazer uma pausa para se recompor. Quando ele reduz sua atividade (contrações espaçam ou enfraquecem), está nos dando uma mensagem: "Opa, peraí, foi demais. Vamos pausar um pouquinho, respire, relaxe, beba uma água, que já retomamos". Se está tudo bem com parturiente e bebê, essas pausas podem ser o tempo de se recompor, reestabelecer os combustíveis, organizar a posição do bebê, melhorar o ambiente, cuidar da pessoa. Enquanto o útero toma fôlego.
Infelizmente, às vezes os profissionais olham o útero pedindo uma trégua e fazem tudo ao contrário. Pedem ainda mais esforço, rompendo bolsa, ligando ocitocina, mandando empurrar. Não respeitam a fisiologia e o tempo das coisas do parto. Vamos lembrar: às vezes, pausas são tão importantes quanto contrações.
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