12/06/2025
Não é de hoje que as mulheres precisam lutam por melhores condições sociais, de trabalho e segurança. Digo ainda que, muitas vezes, precisam lutar pelo direito de amar e serem amadas como são. Não é raro encontrarmos reels e comentários nas redes sociais que ditam padrões ideais de relacionamento e descrevem perfis de mulheres consideradas “indesejadas” por alguns homens.
Nesses anos de clínica, acompanhei de perto o sofrimento de mulheres que têm medo de assumir que são lésbicas — e de lésbicas assumidas que sofrem, diariamente, todo tipo de preconceito. Não são incomuns os relatos de agressões se***is com a absurda justif**ativa de “corrigir essa distorção”. Assumir uma companheira pode acarretar rejeição familiar e desaprovação social. Muitas vezes, esses casais não são reconhecidos como tal — e muito menos como uma família, mesmo quando têm filhos.
Mulheres acima dos 40 anos, separadas e com filhos, também enfrentam preconceitos. Para alguns homens, são consideradas “a maior fria”, porque “nessa idade, além de caídas, vêm cheias de traumas e com filhos”.
Outra "categoria" de mulheres que sofre preconceito é a das que estão na chamada terceira idade. Recentemente foi divulgado que houve aumento de divórcios entre casais com mais de 60 anos. Mulheres que se divorciam nessa fase da vida e buscam novos relacionamentos ainda são, muitas vezes, alvo de reprovação. “Romance é coisa para jovem”, dizem. Para muita gente, essas mulheres não deveriam se divorciar — e, se o fizerem, deveriam restringir a vida ao convívio familiar e a alguns hobbies com as amigas.
Em 2003, sofri um grave acidente de carro que resultou em uma deficiência física. Meu namorado me visitava todos os dias. Frequentemente, as enfermeiras comentavam: “ele voltou”. Ingenuamente, eu respondia que ele só tinha ido até a lanchonete. Até que, um dia, uma delas disse que eu tinha sorte — porque muitos homens “somem” quando a parceira f**a “com sequelas”. Mas ele não era desses. Continuou voltando, todos os dias, para mim.
Que neste Dia dos Namorados — e em todos os outros — as mulheres possam celebrar todas as formas de amor e serem amadas por quem são.