
19/02/2023
O QUE TE SUSTENTA? - Por Psicóloga Elaine Montalvão - "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”. Clarice Lispector - A palavra defeito etimologicamente deriva do latim que significa “ deixar de fazer”. Em termos psicanalíticos, podemos pensar como o sintoma do sujeito.O sintoma é o trabalho de todo sujeito para dar conta do Real. Assim, “não deve ser dissociado do sujeito, algo que deve ser modificado, mas não arrancado do sujeito, por ser fundamental em sua estrutura” (Ocariz). Os sintomas são tentativas de tratar o Real, ajudar o sujeito a encontrar uma nova forma de lidar com seu sintoma, com aquilo que o constitui. No seminário 23 há uma passagem teórica da linguística para a topologia na grafia do sintoma para sinthoma, que serve para mostrar que não é mórbido. Aqui ele se torna mais um numa série: simbólico, real e imaginário, sendo o sinthoma o que vai amarrar os três. Um processo de análise permite o sujeito chegar ao sinthoma, ao se haver com a falta no Outro e ter passado pelo sintoma mórbido, pela queixa, para se dar conta de sua implicação, de como o sinthoma que porta lhe é caro.O final de uma análise consiste em um “saber fazer o “sinthoma” os restos , precisamente algo que não se inscreve e o simbólico não alcança, onde as palavras não são suficientes.