23/05/2025
“Não tenham medo de mudar o caminho”
Foi uma frase que me marcou durante uma mesa redonda no início do mês. Tive a oportunidade de falar com acadêmicos de medicina sobre minhas experiências de trabalho. Além disso, ganhei a chance de ouvir reflexões de outros dois médicos mais experientes e essa frase fez parte delas.
Quando planejei meu caminho para ser cirurgiã vascular decidi aprender tudo sobre as doenças mais complexas e cirurgias mais arriscadas. Corri atrás de um estágio em um centro de referência de cirurgia endovascular na Alemanha. Me imaginei exercendo exatamente aquilo que via meus chefes fazendo.
A vida real chegou e eu percebi que os casos arteriais eram lindos, mas psicologicamente pesados para mim, que eu não queria trabalhar com qualquer equipe para poder estar inserida em casos hospitalares, que eu queria poder ter total controle da minha agenda. Concomitantemente a isso, as pacientes com varizes chegavam cada vez mais ao consultório, e, como em muitas outras formações de residência médica em vascular, me faltava experiência com esses casos. Comecei então a aprender mais sobre varizes. Mantinha meu plantão de urgências vasculares e de ecodoppler porque subjulgava focar meu atendimento apenas em casos venosos, afinal já tinha ouvido que eu podia “fazer só varizes” com um tom negativo.
O tempo me trouxe maturidade, me deixou viver o luto de não fazer mais arterial, aumentou minha satisfação em resolver esses casos e o prazer em estudar novas tecnologias. Hoje eu falo com muito orgulho que eu SÓ TRATO VARIZES e todo dia eu vou pro consultório empolgada com os novos casos e com as pacientes que fazem meu trabalho valer a pena.
Então as vezes não é fácil soltar as amarras que nos prendem no mesmo caminho, mas a vontade de estar no outro lado dá a força que precisamos.
*Obs. Quem tirou as fotos e me prestigiou no evento foi minha colega de faculdade, amiga, comadre . Mulheres apoiando mulheres é uma das coisas que mais tem me alegrado nessa vida.