25/11/2025
Hoje, 25 de novembro, é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, data reconhecida pela ONU desde 1999 e escolhida em memória das Irmãs Mirabal, assassinadas pela ditadura de Rafael Trujillo na República Dominicana. Suas vidas e mortes tornaram-se símbolo de resistência frente à violência patriarcal e estatal.
No Brasil, a realidade é alarmante: uma mulher sofre violência física a cada 7,2 segundos e quase 30% desses crimes ocorreram por parceiro ou ex-parceiro. Além disso, enquanto os homicídios de mulheres brancas diminuíram, os assassinatos de mulheres negras aumentaram em 54%, revelando um padrão histórico de vulnerabilidade que atravessa gênero e raça.
Esses números não são acidentes: são produtos de contingências sociais que reforçam práticas violentas, silenciam vítimas e mantêm desigualdades. A violência letal, o feminicídio, é apenas o ápice de um contínuo de violações, negligências e punições históricas que negam acesso a reforçadores básicos como segurança, autonomia, dignidade e liberdade.
Como comunidade da ABPMC, reconhecemos que o comportamento é moldado por condições sociais e, por isso, a Análise do Comportamento não pode se omitir. O Código de Ética da Psicologia nos orienta a atuar com rigor técnico e político para proteger direitos, combater desigualdades e transformar contextos que produzam sofrimento e injustiça.
E é preciso lembrar: a Psicologia é uma profissão majoritariamente feminina. Portanto, defender a eliminação da violência contra mulheres é também defender a integridade de grande parte da nossa própria comunidade: colegas, alunas, docentes, mães, pesquisadoras, terapeutas.
O dia 25 de novembro marca a luta, mas o enfrentamento precisa ser diário: na clínica, ao acolher mulheres que vivem violência; nas instituições, ao criar políticas de prevenção e proteção; nas comunidades, ao fortalecer redes de apoio; e na formação profissional, ao construir práticas comprometidas com justiça e equidade.
Nenhuma forma de violência é aceitável. Que este dia renove nosso compromisso ético e coletivo de construir contingências que ampliem segurança, autonomia e vida.