01/10/2020
O MUNDO NO DIVÃ – 5º. SESSÃO (Setembro AmarElo)
“Rancor é igual tumor, envenena a raiz, onde a plateia só deseja ser feliz (...) Permite que eu fale não às minhas cicatrizes. Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nós? (...) Achar que essas mazelas me definem é o pior dos crimes (...) Levante essa cabeça, enxuga essas lágrimas (...) respire fundo e volta para o ringue (vai). Cê vai sair dessa prisão (...) Com a fúria da beleza do sol, entendeu? (...)
(Felipe Vassão/ Dj Duh/ Emicida/ Belchior)
Iniciar Setembro refletindo sobre a questão do suicídio é, sem dúvida, bem simbólico, já que a estação das flores é um convite para a vida, para o recomeço. E antes que setembro se vá, quero encerrá-lo reforçando sobre a importância de seguirmos olhando para essa causa de cunho social e que aumenta a cada ano.
Para tanto, alicerço minhas reflexões com duas produções artísticas: música e filme.
A primeira vem nas vozes de Belchior, Emicida, Pablo Vittar e Majur, que em forma de rap traz versos que sobre a dimensão da dor psíquica, que por vezes nos coloca numa prisão, tal como mencionada na música “Cê vai sair dessa prisão”, ao mesmo tempo que a mesma frase busca trazer possibilidades que possam libertar, trabalhar a resiliência, tal como "Ponho linhas no mundo, mas já quis pôr no pulso (...)”
Nesse rap, participam artistas que possivelmente vivenciam e vivenciaram muitas dores oriundas da falta de um amar com elo, é assim que interpreto o título da música (AmarElo). De alguma forma, a proposta também fala da discriminação social geradora de sofrimento. Contudo, a dor emocional, que se configura em nosso ser como um "tumor” não tem classe social, tem sim muitas causas, que precisam ser investigadas e cuidadas conforme cada história individual. É assim que o tema suicídio é explorado nos filmes: "Por lugares incríveis” e "Por que você não chora?”.
Contudo, amar com elo, estabelecendo escuta e olhar sem julgamento, acolher, procurar ajuda e remar o barco junto com os profissionais de saúde e todos os envolvidos podem ser grandes passos para a cura de uma dor com muitas simbologias e causas.
E assim encerro meu setembro, mas seguindo com as reflexões que o setembro AmarElo nos coloca.
Tânia Alves Nogueira (Psicóloga - CRP 08/19351)