
16/09/2025
Quando a sexualidade é tratada como um teste de desempenho, a ansiedade inevitavelmente toma o lugar do desejo. Essa cobrança pode vir de fora, mas muitas vezes nasce dentro do próprio indivíduo: uma voz silenciosa que exige estar sempre pronto, corresponder plenamente e nunca falhar.
Vivemos em uma sociedade que exige, sobretudo dos homens, uma performance sexual inabalável. A lógica da masculinidade tóxica associa virilidade à capacidade de “dar conta” sempre, reduzindo o s**o a uma prova de potência.
Essa cultura limita não apenas a relação dos homens com o próprio corpo e desejo, mas também impacta suas parcerias, que muitas vezes reforçam expectativas de performance a partir de papéis de gênero.
O s**o, nesse cenário, deixa de ser espaço de encontro e liberdade, e se transforma em território de desempenho, onde o valor da experiência é medido por resultados e não pela conexão genuína.
É importante lembrar que essa cobrança não é natural ao desejo humano. Ela nasce de exigências sociais e pessoais que se infiltram na intimidade, transformando a sexualidade em pressão, em vez de prazer. O corpo entra em estado de alerta, a mente se ocupa em avaliar cada gesto, e a espontaneidade se perde.
Esse círculo afeta não só a experiência individual, mas também a qualidade do vínculo: quanto maior a pressão, maior a ansiedade; quanto maior a ansiedade, menor a entrega. O distanciamento cresce e a conexão enfraquece.
Sexualidade não é sobre desempenho, e sim sobre presença, conexão e expressão. Quando tentamos corresponder a padrões idealizados, perdemos a espontaneidade do encontro e, com o tempo, isso pode até apagar o desejo.
🔺 Refletir sobre isso abre caminho para um movimento transformador: em vez de medir resultados, cultivar experiências; em vez de focar no controle, abrir espaço para o sentir. Essa mudança de perspectiva reduz a ansiedade e fortalece a intimidade, devolvendo liberdade ao encontro.
Rogerio Maia
Psicólogo/Sexólogo
CRP-08/31126