23/08/2023
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Costumo receber mulheres na menopausa perguntando a minha opinião sobre implante de testosterona. Explico que não sou contrário a reposição de testosterona, desde que feita para a indicação correta e na dose adequada. A literatura científica endossa apenas para a diminuição da libido. Ensaios clínicos com adesivos de testosterona na dose de 300 mcg/dia demonstraram resposta superior ao placebo na resposta sexual, mas não encontraram outros benefícios. A via de reposição por implantes tem seus benefícios, como a comodidade de não precisar ficar aplicando um gel todos os dias, mas pode ser um problema numa eventual intolerância por parte da mulher, já que a retirada pode ser complicada. Falar que o implante permite uma dose estável e continua não é verdadeiro - tem grande variação diária e vai diminuindo ao longo dos meses. Importante salientar que não existem ensaios clínicos adequados avaliando o implante de testosterona, o que e impossibilita uma analise adequada de seus efeitos, principalmente relacionados a segurança (efeitos adversos). Dentre os estudos com alguma metodologia adequada, está o da R.Glaser que avaliou o nível de testosterona no sangue de 12 mulheres na pós-menopausa após 4 semanas da inserção de implante com 100 mg de testosterona (gráfico das figuras). O nível médio foi 190 ng/dl, com uma variação de 4 x entre o menor e maior nível. Ou seja, há uma variação na resposta de cada mulher e assim não podemos seguir uma receita de bolo. Outra, que os níveis alcançados são muitos superiores ao observados em mulheres saudáveis jovens (2 a 12 x maior), quase o dobro do observado naquelas usuárias de adesivo e maior até do limite considerado doping para mulheres esportistas. Claro que essa carga de um hormônio anabólico irá ter efeito! Esperado o resultado no comportamento sexual, no ganho de massa e na maior disposição. Mas isso vem com um custo! Certamente um bom percentual terá efeitos androgênicos agudos (acne, queda de cabelo, mudança de voz, aumento do clitóris) como vemos no consultório. Mas provavelmente também no longo prazo (ainda não conseguimos medir) já que está muito acima de uma atuação celular fisiológica.