23/10/2024
A origem do antigo caso de amor dos humanos modernos com os carboidratos pode anteceder nossa existência como espécie, de acordo com um novo estudo.
Um estereótipo antigo, que sugeria que os humanos primitivos se alimentavam de bifes de mamute e outros pedaços de carne, ajudou a criar a ideia de uma dieta rica em proteínas, necessária para alimentar o desenvolvimento de um cérebro grande.
No entanto, evidências arqueológicas nos últimos anos têm desafiado essa visão, sugerindo que os humanos há muito tempo desenvolveram o gosto por carboidratos, assando alimentos como tubérculos e outros alimentos ricos em amido, detectados por meio da análise de bactérias presentes nos dentes.
A nova pesquisa, publicada na revista Science no último dia 17, oferece a primeira evidência hereditária de dietas ricas em carboidratos nos primeiros humanos. Cientistas rastrearam a evolução de um gene que permite aos humanos digerir o amido com mais facilidade, quebrando-o em açúcares simples que nossos corpos podem usar como energia. O estudo revelou que esses genes se duplicaram muito antes do advento da agricultura.
Essa expansão pode ter ocorrido há centenas de milhares de anos, muito antes do surgimento da nossa espécie, Homo sapiens, ou mesmo dos neandertais como linhagens humanas distintas. Pesquisadores do Jackson Laboratory em Farmington, Connecticut, e da Universidade de Buffalo, no estado de Nova York, analisaram os genomas de 68 humanos antigos.
A equipe de estudo focou em um gene chamado AMY1, que permite aos humanos identificar e começar a decompor o amido de carboidratos complexos na boca, produzindo a enzima amilase. Sem a amilase, os humanos não seriam capazes de digerir alimentos como batatas, massas, arroz ou pão.
Os humanos de hoje têm várias cópias desse gene, e o número varia de pessoa para pessoa. No entanto, tem sido complicado para os geneticistas entenderem como e quando o número desses genes se expandiu — um reflexo de quando o consumo de amido provavelmente se tornou vantajoso para a saúde humana.