Dra. Sarah Rückl - Psiquiatra

01/09/2025

Na última sexta-feira tive a oportunidade de palestra na Jornada Paranaense de Psiquiatra sobre saúde mental da mulher.
O tema foi: Conciliar ou Colapsar?

Muitas mulheres vivem a dupla – ou até tripla – jornada todos os dias. Trabalho, casa, filhos, relacionamentos, estudos… e, no meio disso tudo, a própria saúde mental acaba ficando em último plano.

🔹 Apesar de sermos mais escolarizadas que os homens, sofremos mais desemprego, recebemos salários até 20% menores e ainda arcamos com a maior parte do trabalho doméstico e de cuidado.
🔹 E para completar: enfrentamos taxas alarmantes de violência física, psicológica e sexual.

Não é de surpreender que tantas mulheres estejam esgotadas — muitas vezes sem nem perceber.

⚡ O “mito da mulher multitarefa” parece um elogio, mas é uma armadilha: diminui nossa produtividade, aumenta erros, compromete a memória, gera estresse e até impacta o cérebro.

Mas existe outro caminho. 🌱
✔️ Reavaliar valores, aprender a dizer não e delegar.
✔️ Praticar autocuidado e cultivar hobbies.
✔️ Construir redes de apoio e fortalecer amizades.
✔️ Buscar ajuda profissional quando necessário.

💡 Uma mulher com identidade sólida, que sabe quem é e cuida da sua saúde mental, transforma não só a própria vida, mas também as gerações futuras.

🌹 Seja a mulher que você quiser ser.
Não aquela que esperaram que você fosse.

19/08/2025

15/06/2025

Hoje eu me graduei e finalmente evoluí da faixa branca para a faixa amarela. Eu escolhi o krav maga há quatro anos. Incialmente eu acreditava que toda mulher precisa saber se defender e o krav maga é uma técnica de autodefesa.
Ao começar a estudar a violência contra a mulher, aprendi que técnicas de autodefesa diminuem em quase 90% a chance de um estupro consumado.
A cada dia, 4 mulheres são mortas.
Precisamos ter ferramentas para nos defendermos.
Além da autodefesa, praticar algum tipo de luta melhora nossa cognição, condicionamento físico, autoconfiança, autocontrole e o mais importante: ensina-nos a lidar com a agressividade. Ela deixa de ser reativa e passa a ser instrumental, tornando-nos mais assertivas e destemidas.
Recomendo qualquer luta para mulheres!

14/06/2025

Covardia

Me escondo na bolha, fina, translúcida.
Eu, estática, cristalizada,
quase morta.

Flutuo. Engulo. Excreto. Engulo de novo.
Dejeto.
Sou lixo.
Sou nada.

Me esqueço da vida, das cores, dos impetos.
Da alma.

Cinza, respiro dormente.
O passado me assola.
O tuturo...

Sarah Rückl 14.06.25

Gravura de Egon Schiele, Woman in Slip,
1917
Há 6 minutos

14/06/2025

Sobre hoje!

08/06/2025

Ávida

Eu sofro de avidez
Faminta, não desperdiço tempo,
nem meu corpo.
Quero sentir tudo.

Fome, sono, dor, calor
Gozo.
Não temo,
anseio.

Me perco em busca,
me encontro em júbilo.
Regurgito, repito.

Sou carne,
etérea talvez.
E dor.

Adele, por Egon Schiele (meu pintor favorito).

28/05/2025

Nasci flor, um botão.
Terra árida, vendaval,
Castanha fiquei.

Renasci verde, apesar da secura,
Mas espinhos criei
ao redor da una flor,
sem par, mas com cor

de um escarlate pujante.
Reparada,
mas intocável.

Não espero chuva, quiçá terra fecunda.
Concebo a mim
nos extremos

Sarah Rückl, 28.05.25

Foto: A Rosa meditativa de Salvador Dali (1958).

24/05/2025

marcelofveras O que você não viu em Grey’s anatomy
Estudando para um debate sobre a relação entre ciência e psicanálise, descobri algo interessante. Gray’s Anatomy, com “a”, um livro clássico da medicina no qual muito estudei na minha época de cirurgia, suprimiu na virada do século 19 um órgão inteiro do corpo feminino: o clítoris. Não se preocupem, a doutora Grey não tem nada a ver com isso.
Mas, por quê? Porque não servia à reprodução, portanto, algo “inútil”. Era assim mesmo que alguns textos científicos o descreviam. Um apagamento simbólico bem psicanalítico, castraram a mulher até nos livros de anatomia.
Foi apenas nos anos 90 que a urologista australiana Helen O’Connell, primeira mulher urologista da Austrália, decidiu investigar mais a fundo, utilizando ressonância magnética em mulheres vivas. Seu trabalho revelou que o clítoris é uma estrutura extensa, interna, composta por bulbos e corpo erétil. Em média, tem 12 cm de comprimento, só que se espraia, como você pode ver na figura.
Curiosamente, os livros utilizavam apenas cortes sagitais, que favorecem a visibilidade do p***s. Helen, ao adotar cortes axiais, revelou o que estava recalcado na imagem anatômica: um órgão homólogo ao p***s, tão complexo quanto, apenas menos visível. Mas o que é visível, afinal, quando o olhar é moldado pelo falocentrismo médico?
P***s e clítoris não são estruturas opostas.
São irmãos embriológicos, separados apenas pela função (e pelo significante). Ao restituir ao cl****is sua verdadeira anatomia, O’Connell também desestabilizou a fantasia fálica que tanto sustentou a ilusão da supremacia anatômica masculina.
E cuidado, machos alfas: com 12 cm em média, o clítoris pode provocar muita inveja em alguns homens.

23/05/2025

A fantasia do perfeito: por que preferimos o que não frustra?

Cuidar de um bebê reborn pode parecer apenas um hobby inofensivo…
Mas e quando esse vínculo começa a substituir relações reais?

Vivemos tempos em que a dor, a frustração — e até o silêncio — parecem insuportáveis.
Nesse cenário, o afeto por um boneco — que não exige, não contraria, não decepciona — pode funcionar como um alívio.
Mas também pode se tornar uma fuga.

Será que, ao evitar o desconforto das relações reais, não estamos também evitando o encontro mais importante: o encontro com nós mesmos?

Falei sobre esse tema em uma entrevista para a Gazeta do Povo, já disponível no site do jornal.
E, por aqui, trago algumas das perguntas respondidas para refletirmos juntos sobre o assunto.