
01/12/2022
Recentemente vi um vídeo de Ethan Howke no qual ele fala sobre criatividade e aponta que a arte não é um luxo, mas sustento. Considerando que há uma ideia que se dissipa no discurso sobre a arte não ser útil, é curioso pensar nela como sustento. Por que isso?
No vídeo ele fala sobre momentos em que nos deparamos com sentimentos novos, experiências que desafiam o sentido da vida, como a morte de um pai, a perda de um filho, um apaixonamento… Momentos em que estamos confusos, recorremos à arte. No momento em que não temos palavras, emprestamos as dos artistas.
Ainda que a gente se utilize das palavras de uma música, uma poesia, uma cena de filme, uma imagem, uma dança, para falar do que sentimos, o que é nosso permanece singular. Só a gente vive em nosso corpo, só a gente sente o que sentimos. Como diz , não se compartilha uma cicatriz.
Permanecemos solitários, mas com a arte nem tanto, pois acredito que o que se compartilha através dela é justamente a divisão do ser, ser humano. É aí que a gente se encontra.
O artista é generoso em nos emprestar sua inutilidade. Assim, a arte se vê como sustento ao apaziguar a loucura que é viver.
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“Que a cultura não seja concebida apenas para o que é útil é o que mostra o exemplo da beleza.” (Freud em Mal-estar na Cultura)