
11/07/2022
O século XXI é marcado pela transformação dos laços sociais, as novas modalidades de relação entre os sujeitos com o Real, tendo consequência direta com os dispositivos institucionais do trabalho. A atualidade consagra o declínio das reflexões a respeito do sentido abrangente do ser, das instituições e das figuras de autoridade. Os pilares tradicionais dos laços sociais não servem mais como receita, pois são esmagados pelo capitalismo e pela ciência, sobre os quais Lacan (1972)
ironizou respectivamente como foraclusão da castração, do impossível, e foraclusão do sujeito. Passagem da heteronomia à autonomia, que interroga as modalidades contemporâneas do laço social sem outro para o garantir.
O sujeito moderno dispensa o Outro, e a lei desse Outro, e satisfaz-se com o narcisismo e o jogo do Um. Isso que constitui o laço social não é mais o pai, mas, como dizia Jacques-Alain Miller, é a comunidade dos irmãos do gozo provocando um certo extravio, uma certa multiplicidade de modos de gozo e de pulsão de morte. O laço social não é mais garantido pelo mestre, mas pelo mercado, contanto que mais facilmente o sujeito esteja disposto a sacrificar sua preservação em nome de seu gozo. A saída mais garantida depende, então, de uma política do sintoma que visa promover a singularidade do gozo do sujeito para fazer um furo ou desempenhar o papel terceiro no Um dos Gozos do Mundo.
A sociedade hoje mostra o quanto a palavra está desvalorizada, você pode dizer o tudo o que lhe vem à cabeça pois vai haver alguém que irá endossar sua fala, vai dizer que está tudo bem você ter um discurso de ódio. O coletivo não importa mais para os sujeitos de hoje, desde que eles tenham seus desejos, fantasias, seus gozos realizados de uma forma ou de outra. Aqui neste instagram já vi discutindo em outras publicações esse mal iminente da sociedade, esses textos que eu publico aqui se relacionam, quando é falado da falsa empatia que a sociedade de hoje pregam, discursos disfarçados para conseguir alcançar os objetivos do mercado.