
14/07/2025
Um dos propósitos deste perfil, além de falar de ansiedade e depressão, é abordar fatos da experiência social que afetam a saúde mental. A solidão é vista hoje como uma epidemia crescente e se aproxima da doença não pelo simples fato de se estar sozinho, a solidão é na verdade "sentir-se só" e isso pode acontecer na presença de mais ou menos contatos sociais disponíveis. Migrar é um dos fatores de risco de exposição a experiências de solidão, a dificuldade em manter o exercício dos vínculos formados na sociedade de origem e a lentidão com que se criam e desenvolvem novos vínculos são as grandes raízes do estado de privação que muitos sentem a ponto de adoecer de depressão. Em estado de solidão as pessoas se tornam mais criticas e desconfiadas das pessoas que não conhecem, criam estereótipos negativos mais facilmente ("os curitibanos são frios como a cidade"...), exigem mais e ficam mais insatisfeitas com as relações que efetivamente tem, delas se tornam mais emocionalmente dependentes. Algumas pessoas experimentam a solidão em fases de transição como a migração, mas outras vivem barreiras para o preenchimento social, mesmo quando possível. Mas sofrer de solidão não é inevitável, mesmo quando se vive algum grau de desconexão social concreta. Comportamentos que afirmam a identidade (quem eu sou, o que gosto, dou importância ou acredito), que exploram as possibilidades de experiência e descoberta e iniciativas que favorecem a formação de intimidade se equilibram em fases de desafio e transição social para favorecer uma boa saúde mental. Ajudar as pessoas nessas mudanças terapêuticas tem sido tarefa comum no consultório, nesta cidade onde, entre os solitários, muitos estão afinal saudosos do que ainda chamam de "casa" até fazer da nova realidade a sua. Na primeira imagem concentração de paranaenses no estado e fora dele. Na segunda as maiores comunidades de paranaenses fora do estado, nas seguintes os forasteiros em Curitiba, São Paulo e no Rio.
Fonte: nexojornal.com.br