04/12/2017
Texto lindo e real sobre a Maternidade e o Puerpério, da querida amiga e psicóloga Maria Beatriz Versiani Dos Anjos ❤️👣
A chegada de um bebê e os ajustes no sistema familiar:
O exame positivo é inequivoco: esperamos um bebê. Para muitas pessoas a notícia vem de chofre, fora do momento, enquanto para outras vem como um bálsamo depois de muita espera e negativas.
O fato é que junto com as taxas hormonais patentes no exame de gravidez vêm também temores, ansiedade, e muita, muita idealização.
A gravidez tem se tornado, assim como a maioria dos assuntos relativos a ordem natural da vida, algo de que se espera gratif**ação extraordinária.
Fique grávida e linda! Faça um book com os looks das celebridades do momento. Preocupe-se em estar devidamente maquiada para as fotos do dia do parto e agende com antecedência a sessão de fotos newborn.
Tudo para cumprir, a vista do outro e as custas de sacrif**ar a intimidade tão necessária a esse novo momento no ciclo de vida familiar, as idealizações impostas pela pobre cultura midiática.
Assim como o corpo da mãe se ajusta a cada dia ao crescimento do bebê, o sistema familiar necessita movimentar-se, estruturalmente, para dar suporte as novas e crescentes demandas.
A mulher, que de filha passa a mãe, realiza o enfrentamento de temores relativos a construção de uma nova identidade. Seu humor poderá se tornar labil, seu sono aumentado, indisposiçoes serão mais ou menos frequentes. Seu companheiro precisará de algum esforço para alcançar o ritmo de mudanças tão intensas. Poderá deparar-se com sentimentos ambivalentes de amor e rejeição pelo corpo transformado da mulher. A sexualidade do casal em muitos casos f**ará a deriva, e o companheiro poderá sentir-se, desde muito cedo na gestação, como alguém que perde seu lugar para um pequeno grande rival, sua majestade, o bebê.
Os irmãos, se houver, terão que lidar com temores de abandono e com o adiamento de muitas demandas em função do novo componente da família.
A familia extensa, avós, tios, amigos próximos, podem auxiliar no processo formando uma rede de amparo a nova familia, que tem a função de dar aos novos pais, especialmente à mãe, o suporte necessario para que ela possa se dedicar integralmente ao seu bebê nos primeiros meses de vida. A função do grupo de apoio é ser suporte para a maternagem da mãe, que ainda que fragilizada no pós-parto é quem melhor conhece seu bebê. O que precisa é ter tempo para desenvolver vínculos amorosos que contarão em definitivo para a saude integral desta criança.
A mobilização é intensa mas a boa notícia é que temos sobrevivido as exigencias naturais de um nascimento ha milenios. A cada tempo um lugar foi delimitado para as criancas na história.
Hoje pode-se contar com inumeros grupos de apoio, programas de pré-natal e muita informação, e tudo isso é importantíssimo, mas a tarefa de ajustar a rotina caberá melhor num ambiente de maior privacidade para a nova família.
Ter um bebê não signif**a estrear na Broadway! Por mais que você tenha ensaiado, acostume-se a confiar na intuição, legitimar sentimentos bons e maus, aprender com os erros e pedir ajuda quando precisar.
A vida conspira para que dê certo, de uma forma ou de outra. Aproveite a viagem.