
07/07/2025
Escrevo para vocês sobre a “vida pós-luto”. Espero que essas palavras de abracem e cheguem àqueles que precisam. ❤️
Hoje fazem 10 anos que perdi o meu pai. Os anos passaram, a vida aconteceu — e, aos poucos, vamos aprendendo a viver com a ausência de quem se foi. A mãe que enterrou o filho. A esposa que perdeu o marido. A filha que ficou sem o pai. A perda muda tudo, inclusive a forma como existimos e vemos o mundo.
Durante um tempo, ainda no processo de luto, tentei evitar sentir. E aprendi — na prática e em terapia — aquilo que costumo também dizer aos meus pacientes: evitar a dor não faz com que ela desapareça. Pelo contrário, ela cresce, dia após dia, e pode se tornar ainda mais difícil. A tristeza e a ansiedade se tornam sufocantes.
Hoje, mais madura e após ter feito meu próprio processo terapêutico, compreendo coisas que antes eu não conseguia enxergar. Percebo que foi necessário ressignificar a perda e desenvolver uma consciência maior sobre os sentimentos que insistem em vir — porque eles virão, de qualquer forma. Então, escolho sentir. Escolho a saudade. Escolho, às vezes, até a melancolia.
Essa melancolia me leva de volta àquele dia. Ao momento da perda. À dor intensa de ter perdido alguém muito jovem, sem nunca antes ter enfrentado uma ausência tão definitiva. A saudade, embora pesada, também me conecta aos bons momentos que vivi — e aos que gostaria de ter vivido. E, apesar do peso, ela me lembra de algo essencial: fui amada. E amei com a mesma intensidade.
Compartilho esse relato pessoal com você que já perdeu alguém: você não está sozinho(a).
Existe dor, sim — mas também existe vida depois do luto. E, com o tempo, é possível reencontrar sentido.