
18/08/2025
Sempre me comove ver flores que nascem no meio do concreto. É como se a vida nos lembrasse, em silêncio, que não se trata de velocidade, mas de paciência. Que não se trata de ser perfeito, mas de tentar. Que o crescimento raramente se mede nos resultados visíveis e quase sempre acontece no invisível, dentro de nós, no tempo em que mal percebemos.
A mente diz eu não sou forte, eu não vou aguentar, eu nunca vou conseguir. Mas a imagem da flor insiste em mostrar que a força não precisa de anúncio. Ela acontece na teimosia da raiz que abre espaço sem barulho. Na insistência discreta que transforma o rachado em passagem. No movimento paciente de quem não precisa vencer a pedra para florescer.
No livro Tarô Zen de Osho existe a carta da Coragem, e nela uma flor rompe as rochas sem se comparar, sem pedir aplauso. A mensagem não é sobre ausência de medo, mas sobre permanecer vivo apesar dele. Sobre seguir crescendo no próprio ritmo, mesmo quando nada parece possível.
Talvez você ache que não está mudando. Mas a verdade é que você já mudou enquanto acreditava que não conseguia. Porque cada pequeno passo, cada vez que você tentou de novo, cada vez que respirou no meio da dor, já foi transformação.
A flor não discute com o concreto. Ela floresce. Não porque seja forte demais, mas porque confia na vida que a move. É isso que também acontece em você. Mesmo quando não vê, mesmo quando não acredita, há uma parte sua que insiste.
Integrar esse processo é aceitar que nem sempre vamos sentir clareza, nem sempre vamos notar resultados, mas ainda assim seguimos crescendo. Não é sobre perfeição. É sobre inteireza. É sobre paciência. É sobre deixar que o tempo da vida se cumpra dentro de nós.
E um dia, no meio das duras pedras, você olha e percebe: tudo aquilo que parecia impossível e dolorido abriu rachaduras. E nelas, você floresceu.