22/04/2025
A guarda compartilhada, no Brasil, é prevista por lei como o modelo prioritário após a separação dos pais.
O objetivo é nobre: garantir que, mesmo em lares diferentes, pai e mãe continuem juntos nas decisões importantes sobre a vida dos filhos: educação, saúde, rotina, escola e, principalmente, os aspectos emocionais e comportamentais.
Mas, na prática, nem sempre é assim que acontece.
Em muitos casos, a falta de diálogo entre os adultos transforma a guarda compartilhada em guarda alternada disfarçada.
A criança passa a viver em dois mundos: com regras, valores, estilos e expectativas diferentes.
E para se adaptar, ela aprende a se comportar de formas distintas em cada casa.
Às vezes, se cala em uma, explode na outra.
Vira especialista em perceber os humores e ajustar sua própria forma de ser para caber no espaço que lhe é dado.
Essa fragmentação pode gerar conflitos internos profundos.
A criança não sabe exatamente o que é esperado dela e, pior: pode começar a duvidar de quem ela mesma é.
Quando a guarda compartilhada é vivida apenas no papel, sem uma comunicação saudável entre os pais, quem sofre é a criança.
E mais do que um acordo jurídico, o que ela precisa é de coerência, previsibilidade e segurança emocional.
Se você é mãe, pai ou profissional da área, vale lembrar: guarda compartilhada exige maturidade, escuta ativa e a disposição real de olhar para o bem-estar da criança acima de tudo.