06/06/2025
Entre o Brilho da Juventude e a Luz da Maturidade
Luiz Alberto Silveira
Na curva suave da vida, a juventude dança leve, com passos firmes e olhos que cintilam promessas. Tudo nela é nascente — o riso vem fácil, o tempo corre lento, os sonhos cabem no bolso e ainda sobra espaço para ousadia. O corpo é morada nova, ainda sem rachaduras, e a alma se embriaga fácil com o néctar do instante.
Juventude é manhã dourada, em que o sol parece brilhar só para si. É o tempo das certezas inflamadas, das amizades que nascem num olhar, do amor que se inventa e acalenta. Um tempo em que o mundo é vasto, mas o coração é ainda maior. Mas vem a tarde. Vem mansa, sem alarde. E com ela, a maturidade — não como peso, mas como pouso. Os olhos, agora, veem além da pressa. Sabem distinguir o brilho falso da luz verdadeira. Os passos já não correm, mas sabem para onde ir. A alma, já calejada, não se embriaga com promessas, mas se nutre de silêncios e pequenos gestos.
Na maturidade, os sonhos não se perdem — refinam-se. Tornam-se mais íntimos, mais profundos. A saudade vira ponte, não prisão, mas o bater alegre do coração. A dor ganha nome e lugar, e até ela ensina. Os amores, menos teatrais, são mais inteiros. A beleza, antes alardeada na pele, revela-se agora no olhar sereno, nas mãos que acolhem, nas palavras que não ferem. Juventude é flor que encanta. Maturidade é raiz que sustenta. E entre flores e raízes, a vida se faz árvore: dança ao vento, abriga pássaros, e colhe os frutos do tempo.