16/07/2020
Tu sabias que a nutrição pode ajudar e/ou estar por trás de algumas causas de falhas na implantação? A implantação do embrião, conhecida como nidação, é o momento em que o embrião se fixa na parede uterina. Todo o processo de deslocamento do embrião das tubas uterinas até o útero pode ocorrer em média de 4 a 15 dias e a sua fixação ocorrerá dentro desse mesmo período.
Dentre os aspectos mais importantes acerca deste tema, temos:
🍁 Diminuição da receptividade do endométrio por uma alteração da decidualização do estroma: o ideal é que o endométrio, para uma adequada implantação, tenha em torno de 5.5/8.0 e 12mm de espessura, e para isso é importante atuar nos processos inflamatórios. Um dos nutrientes que mais atuam nisso são os ácidos graxos ômega 3 - EPA, DHA e ALA. Eles parecem induzir uma cascata que aumenta a decidualização do endométrio. As doses de consumo via alimento e/ou suplemento variam muito, em especial porque muitas mulheres apresentam polimorfismo genético no FADS1 ou FADS2 (e existem exames genéticos que detectam isso), e com isso não tem uma boa conversão de ALA em EPA e DHA - ou seja: não adianta consumir linhaça, chia, hortelã e outras fontes de ALA esperando que converta a EPA e DHA, além da importância da suplementação de EPA + DHA em quantidades de 1 a 3g/dia.
🍁 Outro nutriente importante para melhorar a espessura da camada endometrial é a vitamina E. Além disso, a vitamina E diminui também a formação de radicais livres, já que modula a expressão gênica e diminui a produção de muitas citocinas pró-inflamatórias. A vitamina E está presente nas sementes oleaginosas, gema de ovo, abacate e espinafre e pode ser suplementada desde que contendo um mix de todos os tocoferóis e tocotrienóis (alfa, beta, gama e delta), em veículo oleoso.
🍁 Miométrio tem receptores expressos de vitamina D que regulam a proliferação miometrial. Ela também parece ter um efeito importante sobre o controle do crescimento de bactérias patogênicas e na decidualização do endométrio. A reposição deve ser feita avaliando o histórico da paciente, os exames bioquímicos e a exposição solar.
🍁 A arginina, um aminoácido essencial para a formação de óxido nítrico, também é um nutriente essencial para o processo de implantação e de embriogênese. A arginina está presente em boas quantidades nas nozes, avelãs, gergelim, amêndoas, amendoim, milho, coco, uva e aveia, e também pode ser suplementada na forma de L-arginina. Cuidado: se estiveres com quadro ativo de herpes, a arginina aumenta a replicação viral.
🍁 A carnitina também diminui a formação de radicais livres e tem efeito anti-apoptótico e anti-inflamatório, secundariamente, causando uma melhora na taxa de implantação e melhorando espessura endometrial em mulheres com SOP resistentes ao citrato de clomifeno, já que diminui o feed back negativo do estradiol, estimulando mais a produção de GnRH e consequentemente de LH e FSH. Os estudos são com a carnitina suplementada na forma de L-carnitina, preferencialmente junto de carboidratos.
🍁 A melatonina também parece ser muito importante no processo de implantação. Muitas das ações da melatonina ocorrem pela interação com receptores de membrana acoplados a proteína G, como MT1 e MT2. Já se sabe que temos, inclusive, receptores MT1 e MT2 na placenta (e que a expressão deles, inclusive, pode estar reduzida nas mulheres com pré-eclâmpsia), e que a melatonina aumenta a sobrevivência do sinciciotrofoblasto, uma grande camada de células embrionárias
que tem como função abrir caminho na parede do endométrio para a implantação do blastocisto durante a segunda semana de gestação. E aí, temos uma série de aspectos a serem levados em conta:
- Consumo adequado de ômega 3 e se há ou não polimorfismo na FADS1 e FADS2;
- Higiene do sono adequada - exposição à telas durante a noite controlada, exposição da claridade do dia assim que acordar, evitar luz branca após o anoitecer (preferir lâmpada amarela, âmbar ou vermelha, e não deixar o ambiente muito iluminado à noite), prática de meditação, etc.;
- Incluir algum carboidrato na última refeição do dia (especialmente oriundo de batatas, raizes, tubérculos, arroz integral, painço ou frutas) e evitar jantar após 21h.
- Consumo adequado de magnésio, vitamina B6, vitamina B9 e triptofano
- Consumo de alimentos ricos em fitomelatonina, como kiwi, cereja, uvas, gojiberry, banana, pepino, semente de girassol, chá de feno-greco e brotos de alfafa.
Converse com o profissional infertileuta ou ginecologista que te acompanha, e não esqueça que o acompanhamento nutricional da tentante é tão importante quando da gestante ☺️
Dica de leitura:
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6355327/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22560206/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29109081/