11/04/2025
Eu lembro como se fosse ontem, eu estava na terceira série (9-10 anos) na escola pública.
Lembro que as mesas da sala de aula tinham uma espécie de suporte embaixo da classe, para colocar os cadernos. E existiam mesas mais altas e mais baixas.
Se eu pegasse uma mesa baixa, eu sabia que não ia conseguir f**ar confortável - pois eu escolhia as mesas em que eu pudesse f**ar com a ponta dos pés levemente levantados - o motivo: não queria ver minhas pernas gordas “esparramadas” na cadeira.
Lembro que eu via minhas colegas de aula usar shorts acima do joelho - algo que eu JAMAIS usava. Só usava bermudas até o joelho. Mesmo no verão.
Lembro também que quando sentava, passava a mão na minhas coxas e conseguia sentir a textura das celulites nas laterais. Ao mesmo tempo, via as outras meninas tranquilas, soltas e felizes, sem parecer se preocupar com seus corpos (pois afinal, eram na sua maioria magras e pequenas, e eu, grande e inadequada).
É muito doido olhar para trás, ver que os transtornos de imagem e alimentares começaram muito cedo. E na sua grande maioria das vezes iniciam sim, na infância!
Foram muitos anos me sentindo inadequada, sem vontade de me arrumar ou ter vaidade. Eu lembro que pensava: “acho que nasci para ser gorda. Pessoas que se arrumam são fúteis. Vou focar nos estudos”.
E assim foi, por muitos anos. Acho que iniciei o processo de ter mais vaidade por volta dos 16 anos. Mas demorou muitos anos depois para eu realmente aprender a gostar de mim.
Foi somente quando aprendi a gostar de quem eu era que passei a cuidar de onde eu vivia: meu corpo.
Hoje, para mim, cuidar do meu corpo é honrar a minha vida.
Estética não é futilidade.
Pelo contrário, o exercício físico nos deixa mais inteligentes pois estimula BDNF no cérebro.
Então, se você está num processo de odiar a sua imagem, eu espero com todas as minhas forças que você busque se sentir melhor onde você habita.
Doses diárias de autocuidado.
De boa alimentação.
De amor por si mesma.
Você pode não acreditar ainda, mas quando menos perceber, você passará a ser um instrumento de inspiração para outras pessoas.