13/01/2025
Um pires e uma caixinha (já um pouco desgastada).
A xícara que veio junto quebrou faz tempo.
Dois objetos simples, mas muito signif**ativos, carregados de história...
Uma história da qual me lembrei ontem, em pleno domingão, e resolvi compartilhar.
Minha história.
Comecei a estudar Psicologia em 2003, e fui logo fazendo uma série de estágios. Em 2006 e 2007, porém, eu fiz os estágios mais aguardados: os estágios obrigatórios em Psicologia Clínica.
Aproveitei que o tempo permitia e, além de continuar com estágio remunerado, fiz estágio em mais de uma abordagem da Psicologia. Eu queria aproveitar ao máximo o curso, sem me fechar em algo antes de ter conhecimento e experiência antes de tomar decisões.
Foi assim que, além do estágio em Psicoterapia Fenomenológico-existencial e Orientação Profissional de orientação gestáltica, encarei um estágio em Psicanálise com Crianças - tudo ao mesmo tempo
E foi nesse estágio que atendi uma criança pela primeira vez. Mesmo que faça muito tempo, sigo mantendo o sigilo, então não vou dizer o nome deste menino. Direi apenas que seu pai tinha sido assassinado, que tinha pouco contato com a mãe, e que uma série de outras questões influenciava seu momento de vida.
Então era agosto, e veio o presente inusitado.
Nunca vou me esquecer de que, um dia, ganhei um "Presente de Dia dos Pais". Nem de que, apesar do meu estranhamento, tinha uma beleza incrível naquele presente, embora uma beleza triste.
A avó do menino, que era quem o criava, do alto da dor da ausência do filho, da sobrecarga com o neto e as coisas da vida, quis me dar um presente de Dia dos Pais porque, como me explicou, eu estava ajudando com tudo o que a ausência abrupta daquele pai trazia...
Não tenho mais notícia da avó nem do menino. Ainda morava no Rio na última vez em que a vi e soube que ele tinha se tornado um adolescente; estava quase adulto. Não sei sequer se os dois seguem vivos.
Só sei que sigo com o que sobrou do presente, agradecendo com muita humildade pela oportunidade de exercer uma profissão que me possibilita fazer, no mundo, algo tão bonito.