24/09/2024
Algumas experiências ou fases de nossas vidas as vezes ficam bloqueadas e não evoluem com o resto de quem somos por exemplo, se vivemos uma situação de bullying na escola, a criança assustada e humilhada pode ficar dentro de nós; a criança sensível que ninguém compreendeu foi-se escondendo dentro de nós, enquanto tentávamos ser fortes para que não se notasse o que sentíamos. A criança rebelde que queria seguir o seu caminho como vingança pela falta de apoio emocional, foi-se anulando por causa das inúmeras represálias que sofreu, mas as suas necessidades internas não satisfeitas continuam a estar ali, como quando tinha 6 anos. O adolescente que não sentia que pertencia a algum grupo, nem mesmo a sua própria família, foi-se escondendo enquanto aprendia a agradar às pessoas para que as mantivessem seguras.
Essas crianças feridas, zangadoas, de alguma forma não cresceram, e ficam presas em redes de memórias às quais as novas experiências de vida, as boas relações, sucessos e recursos não pudessem alcançar.
A ponte para que essas crianças possam desbloquear-se e sair desse lugar, é através dos adultos que somos possam olhar para essas crianças com novos olhos, com.a compreensão das crianças que fomos, as sensações que nos geraram, as coisas que vivemos, as reações que pudemos e não pudemos ter., entendo que as necessidades não satisfeitas ainda existem dentro de si e podem ser satisfeitas no momento presente. Dessa forma essas crianças poderão evoluir, crescer, desenvolver todo seu potencial, entendo que a situação do passado já passou.
Se o adulto tiver dificuldade em olhar para a sua criança poderá refletir: estamos realmente a olhar com nossos próprios olhos ou através dos olhos com quem fomos criados?
É recuperando nossas crianças perdidas, que nos sentiremos completos, conectados com o que temos e poderemos desfrutar realmente das coisas.
Recuperar esta etapa não implica que as emoções destas etapas voltem para ficar, pelo contrário. Ao abraçar estas crianças, a dor alivia, a experiência integra-se e resolve-se. Então, poderemos verdadeiramente virar a página e nos contrarmos na nossa realidade, no presente.
Trecho livro de Anabel Gonzales, Não sou eu