
02/08/2023
É um assunto muito delicado pois ainda temos poucos estudos que conseguem quantif**ar essa correlação. Uma dificuldade que existe provavelmente pela resistência do paciente em admitir ou vergonha de falar que está com esse problema. Guidelines de revisão da sociedade americana de cirurgia bariátrica e metabólica apontam um índice de 6,5% de abuso de álcool dos operados. Mas também existem estudos que mostram que alguns pacientes melhoram das suas dependências depois da cirurgia. Geralmente prestamos atenção nas coisas que dão muito errado e não nas que dão certo. A grande maioria se recupera de uma série de quadros psicológicos após a cirurgia, uma parcela pequena piora, mas essa f**a em evidência.
》O importante é considerar o abuso como um grande problema e informar o paciente que procure ajuda o quanto antes. Entre as possíveis causas do abuso, a principal é a mudança na absorção do álcool pelo organismo após a cirurgia. Como altera a fisiologia do estômago o álcool passa direto para intestino e é absorvido mais rápido e também demora mais a ser eliminado. Alguns estudos também apontam que a soma de uma não metabolização gástrica com a maior absorção seria como se a dose de álcool fosse dobrada. Não tem como prever, quem pode desenvolver o abuso, a orientação é muita cautela ou não beber. Isso porque não existe nível seguro de consumo, o que para um pode ser inofensivo para outros pode ter impacto maior. Quando o padrão de consumo muda, ou seja passa de um consumo eventual para um consumo habitual, podemos dizer que existe a dependência. No início a busca é pela via do prazer mas depois vira necessidade.
》O tratamento da dependência do álcool é bem complexo, não só pela falta de recursos, mas também por sofrer influência cultural (como se trata de uma droga lícita possui grande aceitação social). Portanto cautela e autoconhecimento é o mais coerente. No início beber é como um ato de liberdade, e pode continuar sempre assim, porém requer atenção quando caminha para o hábito, pois é desse modo que aumentam as chances e o perigo de se tornar uma dependência!
Psicóloga Danielle Nuernberg
Membro COESAS - SBCBM