A Etnopsiquiatria ou Psiquiatria Cultural é o estudo da doença mental considerando os aspectos sócio-culturais do indivíduo e o estudo dos distúrbios sociais considerando aspectos comportamentais de seus integrantes. A saúde do individuo e da sociedade, em suas diversas formas, constitui um desafio para a ciência e necessita de mais de uma disciplina para tentar decifrá-la. Este trabalho mostra como os recursos culturais do indivíduo, pode ser considerado em psicoterapias de grupo e como esta utilização tem efeitos sobre a recuperação do paciente e a manutenção de sua estabilidade evitando novas crises. Marcos de Noronha chama de Terapia Social sua técnica de psicoterapia de grupo que realça os fatores sócio culturais da saúde mental. Se entendermos por cultura os padrões implícitos ou explícitos de comportamento adquiridos e transmitidos, através de símbolos, mensagens verbais ou não verbais de geração para geração de grupos humanos, então estes padrões estão intimamente relacionadas também com a doença mental. Como então, no contexto atual, heranças culturais de sociedades diversas podem ser identificadas nos participantes de um grupo heterogêneo de psicoterapia? Qual o resultado das colonizações diversas, somados com a cultura dos autóctones de raças e costumes diferentes, recebendo uma população africana, vinda na condição de escravos? Como conciliar essas heranças históricas, às heranças das condições familiares ressentes, os pesos traumáticos de povos e indivíduos, recursos socioculturais que trazem proteção, afeto e beneficiam o relacionamento entre as pessoas? A experiência desde a década 90, em Terapia Social, permitiu novos questionamentos sobre a validade ou não das estruturas até então vigentes para condução de psicoterapias.
