20/06/2022
Mais uma mudança por aqui, mais um momento pra tirar tudo dos armários, olhar o que estava lá e avaliar se ainda serve ou não. Já fiz isso algumas vezes nos últimos anos e é sempre cansativo e estressante.
Interessante que essa é uma analogia que eu costumo fazer logo na primeira sessão com novas clientes do consultório: a terapia parece quando você precisa abrir aquele armário entulhado de coisas pra avaliar o que ainda serve, o que pode ser jogado fora, o que pode ser guardado em outro lugar, até (re)descobrir algumas relíquias e sorrir pelas memórias que elas nos trazem.
Comigo foi assim em relação aos lápis que aparecem nessa foto.
Eu achava que nunca havia colecionado nada na vida, mas eu constatei que há mais de 10 anos eu deliberadamente coleciono lápis como lembrança de lugares e de cidades que eu visitei.
Confesso que quando peguei os benditos lápis pra tirar a poeira acumulada, cheguei a pensar que era uma tolice ficar acumulando tantos lápis sem utilizá-los, mas à medida que fui tirando cada um deles pra limpar, fui me lembrando dos lugares onde eles haviam sido comprados, da importância de cada um desses lugares na minha história, e de repente, aqueles lápis guardados fizeram total sentido pra mim, pois eles estão exercendo exatamente a função que eu escolhi pra eles: me fazer recordar do que eu escolhi viver.
“Es curioso, pero vivir consiste en construir futuros recuerdos; ahora mismo, aquí frente al mar, sé que estoy preparando recuerdos minuciosos, que alguna vez me traerán la melancolía y la desesperanza.” (Ernesto Sabato)
Aproveitem as descobertas que as mudanças trazem. ☺️