03/04/2025
Desde pequena, Helena sentia um vazio difícil de explicar. Seu pai, que deveria ser seu primeiro porto seguro, nunca esteve presente. Cresceu ouvindo promessas vazias de visitas que nunca aconteciam, telefonemas que eram esquecidos e aniversários passados sem uma lembrança dele. Sua mãe fazia o possível para suprir essa ausência, mas o buraco que o abandono paterno deixava parecia impossível de preencher.
Na adolescência, Helena começou a buscar esse sentimento de proteção nos relacionamentos. O desejo inconsciente de encontrar alguém que a fizesse sentir segura a levava a escolher parceiros que pareciam fortes e dominantes, alguém que, de alguma forma, pudesse substituir o pai que ela nunca teve. No início, esses homens pareciam cuidadosos, protetores. Eles tomavam decisões por ela, mostravam segurança, e isso fazia com que Helena acreditasse estar sendo amada.
Mas, aos poucos, o que parecia proteção se transformava em controle. O carinho inicial dava lugar a regras rígidas: o que vestir, com quem falar, onde ir. A voz dela foi se apagando, e os relacionamentos se tornavam prisões. Em cada um deles, Helena revivia a dor do abandono, mas de uma forma diferente: agora, era a própria pessoa que escolhia aqueles que a machucavam.
Foi só depois de muito sofrimento e terapia que ela começou a entender o padrão. O que parecia amor era, na verdade, uma tentativa de curar uma ferida antiga com as ferramentas erradas. O papel de um companheiro não é o de um pai. Ele não está ali para ditar regras ou preencher vazios, mas para caminhar ao lado. A verdadeira proteção vem de dentro, do reconhecimento do próprio valor e da compreensão de que amor não significa submissão.
Helena aprendeu que seu passado não precisava definir seu futuro. Com o tempo, começou a se fortalecer, a reconhecer os sinais de relações abusivas e, principalmente, a se escolher. E foi nesse processo de autoconhecimento que ela encontrou, enfim, um amor verdadeiro – aquele que não exigia que ela fosse menos para caber em alguém, mas que a aceitava exatamente como era.
História totalmente fictícia.