Recanto Materno

Recanto Materno Produtos e serviços para mamães e bebês.

A concepção tradicional de desenvolvimento humano muitas vezes sugere um caminho linear: uma sequência previsível de mar...
23/04/2025

A concepção tradicional de desenvolvimento humano muitas vezes sugere um caminho linear: uma sequência previsível de marcos, onde cada etapa leva naturalmente à próxima, como degraus de uma escada. Mas quando olhamos com mais atenção, especialmente sob a lente do paradigma afirmativo da neurodiversidade, percebemos que o neurodesenvolvimento não segue linhas retas — ele se move em espirais.

Cada volta dessa espiral traz novas possibilidades de aprendizado, integração e expressão. Nem sempre o avanço é imediato, visível ou conforme o esperado. Às vezes, retornamos a questões que pareciam já ter sido resolvidas. Outras vezes, habilidades emergem de forma repentina após longos períodos de silêncio. É nesse movimento espiralado que o verdadeiro desenvolvimento acontece: revisitando experiências, reorganizando sentidos, construindo caminhos singulares.

Essa perspectiva valoriza a complexidade, respeita os tempos internos e reconhece que cada cérebro tem seu próprio ritmo e direção. Um comportamento que hoje parece uma repetição pode, na verdade, ser uma elaboração. Uma regressão aparente pode ser parte de um salto mais profundo de autocompreensão.

O neurodesenvolvimento, então, não é um mapa com rota fixa, mas um processo vivo e dinâmico. É uma jornada de descobertas que se entrelaçam, se ampliam e se reinventam — uma espiral que acolhe a diversidade de formas de ser, sentir e aprender no mundo.

Pessoas neurodivergentes frequentemente demonstram uma capacidade notável de oferecer ajustes e acomodações para os outr...
12/02/2025

Pessoas neurodivergentes frequentemente demonstram uma capacidade notável de oferecer ajustes e acomodações para os outros, uma habilidade que surge justamente da expectativa de que eles mesmos recebam o mesmo tipo de compreensão em troca. Para os neurodivergentes, esse processo de adaptação e apoio ao próximo não apenas faz parte de sua vivência, mas também se torna algo natural e intuitivo. Eles estão acostumados a navegar em um mundo que nem sempre é projetado para suas necessidades, o que os leva a desenvolver uma sensibilidade aguçada para as demandas e desafios enfrentados pelos outros.

No entanto, o que parece simples e quase automático para o cérebro neurodivergente pode ser percebido como complexo e desafiador para o cérebro neurotípico. Essa diferença ocorre porque, muitas vezes, o caminho da empatia e da reciprocidade não é tão claro ou direto para aqueles que não compartilham da mesma perspectiva. Enquanto os neurodivergentes estão constantemente ajustando-se e adaptando-se ao mundo ao seu redor, os neurotípicos podem não ter desenvolvido a mesma facilidade em compreender e se conectar com as formas distintas de funcionamento do cérebro neurodivergente.

Essa dinâmica ressalta a importância de uma maior conscientização e esforço por parte de todos para construir pontes de entendimento. Quando há um reconhecimento mútuo das necessidades e das formas de pensar de cada indivíduo, seja neurodivergente ou neurotípico, a empatia e a reciprocidade se tornam mais acessíveis, promovendo um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos.

A neurodiversidade nos ensina que a inclusão não precisa ser complicada. Ela pode ser simples, orgânica e cheia de significado. Que tal abraçarmos essa perspectiva e aprendermos uns com os outros?

Tenho observado em minhas consultas que muitos pacientes no espectro autista se sentem confusos e frustrados com as fest...
04/01/2025

Tenho observado em minhas consultas que muitos pacientes no espectro autista se sentem confusos e frustrados com as festas de fim de ano, especialmente com a virada do ano. Eles relatam dificuldade em compreender o sentimento de celebração e renovação que a maioria das pessoas parece vivenciar. Para muitos autistas, essa data pode não fazer tanto sentido, já que o conceito de “novo começo” atrelado a 1º de janeiro nem sempre ressoa. A percepção de tempo e mudança pode ser muito mais fluida e menos conectada a convenções sociais.

Além disso, os aspectos sensoriais típicos dessa época, como fogos de artifício, barulhos intensos e luzes piscando, podem ser extremamente desgastantes, funcionando mais como um gatilho do que como algo a ser celebrado. Outro ponto de dificuldade é a pressão social para participar das festividades. Festas lotadas, abraços inesperados e o ato repetitivo de desejar “feliz ano novo” podem ser exaustivos para quem está no espectro, já que muitos preferem ambientes calmos e interações genuínas a essas convenções.

Para autistas, os marcos de renovação tendem a ser muito mais pessoais e significativos: concluir um projeto, superar um desafio ou simplesmente encontrar conforto na rotina. Esses momentos, embora não sigam o calendário, podem ser muito mais transformadores do que uma contagem regressiva coletiva.

Se você conhece alguém no espectro, respeite seus limites durante o Réveillon e lembre-se de que nem todo mundo se conecta com essas tradições da mesma forma. Cada pessoa tem seu próprio ritmo e maneira de enxergar o mundo — e isso é perfeitamente válido.

A descoberta do bem-estar para autistas que viveram a vida inteira achando que o desconforto era “normal” é uma experiên...
05/11/2024

A descoberta do bem-estar para autistas que viveram a vida inteira achando que o desconforto era “normal” é uma experiência de revelação, quase como enxergar cores que nunca souberam que existiam. Imagine uma pessoa que sempre escutou todos os sons ao seu redor, desde o zumbido do ar condicionado até as batidas distantes de um martelo, os passos na rua, o tilintar de chaves e o som incessante do próprio coração. Para essa pessoa, o mundo é um turbilhão de ruídos, um conjunto de camadas sonoras sobrepostas que se tornam parte de sua própria identidade sensorial. Viver assim, sem saber que existe uma alternativa, é aceitar que esse é o estado “normal” do ser.

Quando, então, essa pessoa descobre o cancelamento de ruído, há uma pausa nesse caos sensorial. É como se o corpo finalmente respirasse. Pela primeira vez, ela sente o silêncio como um abraço acolhedor, como se estivesse mergulhando em águas tranquilas e frescas. A sinestesia aqui surge como um sentido que reorganiza as sensações; o silêncio agora tem uma textura, um peso e um sabor próprio, um conforto palpável. Descobrir que o som pode ser interrompido é também descobrir uma parte de si mesma que pode descansar e se sentir protegida.

Essas descobertas são mais do que alívios momentâneos; são convites a uma nova forma de existir, onde o bem-estar não é apenas um sonho distante, mas uma realidade tangível. Se você ou alguém que conhece viveu a vida inteira achando que certos desconfortos eram inevitáveis, chegou a hora de questionar essa percepção. O que mais poderia mudar se houvesse a chance de entender e, finalmente, experimentar o silêncio, o conforto e o bem-estar que sempre estiveram ao alcance, mas nunca foram plenamente acessíveis?

Marcar uma consulta pode ser o primeiro passo para explorar essa nova dimensão sensorial e emocional. É uma oportunidade de aprender sobre ferramentas que não apenas transformam a forma de sentir, mas também a forma de viver. Porque o conforto e o bem-estar não são privilégios — são possibilidades que merecem ser descobertas.

“Sair do armário autista” é um processo profundamente pessoal e, ao mesmo tempo, um ato de advocacia que desempenha um p...
23/10/2024

“Sair do armário autista” é um processo profundamente pessoal e, ao mesmo tempo, um ato de advocacia que desempenha um papel vital na ampliação do conhecimento sobre o autismo e na promoção da inclusão. No contexto do paradigma da neurodiversidade afirmativa, que valoriza as identidades neurodivergentes sem pathologizá-las, o autista que escolhe se posicionar abertamente está fazendo muito mais do que uma revelação pessoal: está exercendo um papel de liderança na construção de uma sociedade mais informada e acolhedora.

A advocacia autista é central nesse processo. Quando uma pessoa autista fala sobre sua própria experiência, suas características e desafios, ela está desmistificando estereótipos e oferecendo uma perspectiva única sobre o que significa ser autista. Esse relato em primeira pessoa ajuda a combater as visões reducionistas, que frequentemente veem o autismo como um conjunto de deficiências, e amplia a compreensão da complexidade do espectro. Ao compartilhar suas vivências, os autistas não apenas esclarecem, mas também humanizam o autismo para aqueles que ainda têm percepções limitadas ou errôneas.

Esse movimento é crucial porque a inclusão verdadeira só pode ocorrer quando há compreensão. E a compreensão só se amplia quando autistas têm espaço e voz para contar suas histórias, moldar as narrativas e influenciar as práticas e políticas de inclusão. O ato de “sair do armário” é, portanto, uma forma de advocacia que beneficia tanto o indivíduo quanto a sociedade, quebrando barreiras invisíveis e pavimentando o caminho para uma convivência mais empática e diversa.

Ao se posicionar e abraçar suas identidades, autistas também inspiram outros a fazer o mesmo, fortalecendo a comunidade neurodivergente e avançando na luta por um mundo onde a diferença seja celebrada e não corrigida.

Você já saiu do armário autista?

O mascaramento de stimms (movimentos repetitivos) é uma prática comum entre pessoas neurodivergentes, muitas vezes usada...
18/10/2024

O mascaramento de stimms (movimentos repetitivos) é uma prática comum entre pessoas neurodivergentes, muitas vezes usada como uma forma de se ajustar às expectativas sociais. No entanto, essa tentativa de suprimir os stimms pode trazer prejuízos significativos à saúde mental e ao bem-estar geral. Quando alguém é forçado a esconder esses movimentos naturais, seja para evitar olhares curiosos ou para se encaixar em padrões sociais, isso pode resultar em estresse elevado, ansiedade e uma desconexão com as próprias necessidades corporais.

Os stimms são, na verdade, uma ferramenta poderosa de autorregulação. Esses movimentos ajudam a pessoa a lidar com sobrecargas sensoriais, a encontrar foco e a se acalmar em momentos de estresse. Eles são uma forma de o corpo se comunicar consigo mesmo, buscando equilíbrio e conforto em meio ao caos do mundo externo. Suprimir esses movimentos é como bloquear uma válvula de escape essencial, criando um acúmulo de tensão que pode levar ao esgotamento emocional e físico.

É fundamental reconhecer a importância dos stimms e respeitar sua função na regulação emocional e sensorial. Trabalhar o mascaramento significa aceitar que cada corpo tem sua forma única de buscar equilíbrio e bem-estar. Ao invés de forçar a conformidade, precisamos criar espaços onde as pessoas possam expressar livremente seus movimentos autossensoriais, sem julgamentos ou constrangimentos.

Convido você a dar liberdade ao seu corpo e a ouvir suas necessidades. Vamos juntos quebrar as barreiras do mascaramento e abraçar os stimms como parte essencial da nossa identidade. Permita-se explorar os movimentos que trazem conforto e acolhimento. Vamos criar uma comunidade onde a autorregulação seja valorizada, respeitada e celebrada!

A vida é, fundamentalmente, sobre relações. Desde o momento em que nascemos, nossa existência é moldada pelas conexões q...
14/10/2024

A vida é, fundamentalmente, sobre relações. Desde o momento em que nascemos, nossa existência é moldada pelas conexões que estabelecemos com as pessoas ao nosso redor. O desenvolvimento humano acontece no contexto dessas interações, que vão além de um simples sistema de recompensas e punições. Quando focamos unicamente em reforços e castigos para moldar comportamentos, reduzimos a complexidade das relações humanas a um jogo de controle e manipulação.

Esse tipo de abordagem pode ser perigoso para o desenvolvimento, pois desconsidera a necessidade de empatia, compreensão e comunicação autêntica. Quando o foco está apenas no que é “certo” ou “errado”, segundo uma régua externa de valor, há o risco de minar a autonomia, a criatividade e a autoestima da pessoa. O indivíduo pode aprender a agir de acordo com as expectativas alheias, buscando evitar punições ou ganhar recompensas, em vez de desenvolver um senso próprio de quem é e do que realmente importa para ele.

A ideia de que a vida se baseia em reforços ou punições, em vez de em relações autênticas, também promove um movimento de manipulação, no qual as pessoas são vistas como ferramentas a serem controladas e moldadas conforme a conveniência. Isso não só desumaniza as interações, mas também compromete a capacidade de formar laços genuínos, que são essenciais para o crescimento pessoal e emocional.

Construir relações reais e significativas implica aceitar a vulnerabilidade, respeitar a individualidade e criar um espaço onde cada pessoa possa ser quem é, sem medo de ser julgada ou manipulada. É por meio dessas relações que podemos florescer e encontrar um sentido mais profundo na vida, longe das amarras de uma lógica simplista de reforços e punições.

A ideia de que, se o autismo for visto como uma variação neurológica, ele não precisa de terapia é baseada em uma compre...
12/10/2024

A ideia de que, se o autismo for visto como uma variação neurológica, ele não precisa de terapia é baseada em uma compreensão equivocada tanto do que é o autismo quanto do papel das terapias no apoio a pessoas neurodivergentes. Considerar o autismo como uma variação neurológica não implica que não haja desafios associados a essa condição, mas sim que esses desafios devem ser abordados de maneira respeitosa, que honre a identidade e a experiência individual de cada pessoa autista.

O paradigma da neurodiversidade, que reconhece o autismo como uma parte natural da diversidade humana, não nega as dificuldades que podem ser vivenciadas por pessoas autistas. Pelo contrário, ele promove uma abordagem de apoio que foca em desenvolver habilidades, potencializar os pontos fortes e oferecer estratégias para lidar com os obstáculos específicos que cada pessoa enfrenta, sem tentar mudar ou “consertar” sua forma de ser.

A terapia dentro desse contexto não é sobre forçar uma conformidade com normas sociais que desvalorizam as formas únicas de interação, comunicação e processamento de informações dos autistas. É sobre criar espaços onde eles possam crescer e se desenvolver, ajudando-os a navegar em um mundo projetado principalmente para cérebros neurotípicos, ao mesmo tempo em que se respeita a sua identidade e autonomia.

A crença de que a aceitação do autismo como uma variação neurológica elimina a necessidade de terapia muitas vezes se baseia em uma visão limitada do que é uma intervenção terapêutica. Terapias baseadas em um paradigma afirmativo visam empoderar a pessoa autista, promovendo sua autocompreensão e autogestão, e oferecendo suporte emocional e prático para lidar com as demandas da vida diária, de forma que possam viver de maneira mais confortável, respeitando quem são.

Portanto, ao adotar uma visão de neurodiversidade, não se trata de negar as dificuldades ou deixar de oferecer apoio, mas de mudar a forma como esse apoio é oferecido: com mais respeito, empatia e aceitação. Afinal, terapias adequadas e bem fundamentadas são ferramentas que ajudam a abrir caminhos, permitindo que cada indivíduo possa florescer em sua própria essência.

A valorização da identidade neurodivergente é uma abordagem que reconhece e celebra as diferenças cognitivas como parte ...
09/10/2024

A valorização da identidade neurodivergente é uma abordagem que reconhece e celebra as diferenças cognitivas como parte natural da diversidade humana. Em vez de focar na “cura” ou na “normalização”, essa perspectiva busca entender que pessoas neurodivergentes — autistas, TDAH, disléxicos, entre outros — possuem formas únicas de vivenciar o mundo, e essas diferenças são importantes para a riqueza da sociedade.

A ideia de “cura” parte da suposição de que existe algo de errado ou defeituoso que precisa ser corrigido, o que perpetua estigmas e invisibiliza as contribuições valiosas que pessoas neurodivergentes trazem para seus ambientes. Quando o foco está na normalização, estamos essencialmente pedindo que essas pessoas se moldem a padrões que não levam em consideração suas necessidades e formas de ser.

Ao contrário, valorizar a identidade neurodivergente significa aceitar que nem todos experimentam ou interagem com o mundo da mesma maneira — e isso não é algo a ser “consertado”. É sobre criar espaços onde essas diferenças sejam acolhidas e respeitadas, onde a individualidade seja vista como uma força. Isso inclui adaptar ambientes e sistemas para que todos possam prosperar, ao invés de esperar que pessoas neurodivergentes se ajustem às normas impostas.

Essa mudança de paradigma transforma a forma como a sociedade se relaciona com as neurodiversidades, indo além de um olhar médico ou clínico para uma perspectiva de respeito, inclusão e empoderamento. É um convite para criar um mundo onde todas as mentes são reconhecidas em sua completude, sem a pressão de se encaixar em uma definição estreita de “normalidade”.

A vida muitas vezes nos apresenta ventos fortes que desorganizam nosso mundo interno. Mas a terapia nos ensina que, embo...
24/09/2024

A vida muitas vezes nos apresenta ventos fortes que desorganizam nosso mundo interno. Mas a terapia nos ensina que, embora não possamos controlar a ventania, temos o poder de fechar as janelas e proteger nossa paz.

Quer aprender a cuidar melhor do que está dentro de você? A terapia é o caminho para isso: um espaço para se fortalecer, ganhar clareza e construir uma vida com mais equilíbrio e propósito.

🌿 Pare de culpar o vento. Comece a fechar as janelas. 🌿

Se você está pronto para assumir o controle e cuidar da sua saúde emocional, dê o primeiro passo hoje.

Agende uma consulta e descubra como a terapia pode transformar sua jornada!

Endereço

Foz Do Iguaçu, PR

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Recanto Materno posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Compartilhar

Categoria