
23/04/2025
A concepção tradicional de desenvolvimento humano muitas vezes sugere um caminho linear: uma sequência previsível de marcos, onde cada etapa leva naturalmente à próxima, como degraus de uma escada. Mas quando olhamos com mais atenção, especialmente sob a lente do paradigma afirmativo da neurodiversidade, percebemos que o neurodesenvolvimento não segue linhas retas — ele se move em espirais.
Cada volta dessa espiral traz novas possibilidades de aprendizado, integração e expressão. Nem sempre o avanço é imediato, visível ou conforme o esperado. Às vezes, retornamos a questões que pareciam já ter sido resolvidas. Outras vezes, habilidades emergem de forma repentina após longos períodos de silêncio. É nesse movimento espiralado que o verdadeiro desenvolvimento acontece: revisitando experiências, reorganizando sentidos, construindo caminhos singulares.
Essa perspectiva valoriza a complexidade, respeita os tempos internos e reconhece que cada cérebro tem seu próprio ritmo e direção. Um comportamento que hoje parece uma repetição pode, na verdade, ser uma elaboração. Uma regressão aparente pode ser parte de um salto mais profundo de autocompreensão.
O neurodesenvolvimento, então, não é um mapa com rota fixa, mas um processo vivo e dinâmico. É uma jornada de descobertas que se entrelaçam, se ampliam e se reinventam — uma espiral que acolhe a diversidade de formas de ser, sentir e aprender no mundo.