06/05/2020
O texto de Ruth Bebemeyer, me fez refletir acerca das relações interpessoais estabelecidas, dos conflitos, do dito e não dito, não compreendido, e por vezes interpretado, e da qualidade da comunicação nas relações no momento atual.
Atribuindo para a Gestalt-terapia, a qual salienta sobre o quanto é “audacioso” o interpretar,
podendo acarretar em percepções distorcidas, amparadas em suas ideias, convicções e pensamentos. Ao interpretar, podemos “transmitir” nossa percepção sobre o outro, sobre seu comportamento, sua fala, de acordo com o meu mundo e os meus referenciais.
Quando falamos do outro, mas especificamente do “solo” sagrado do mundo do outro, vamos ao encontro de uma extensa singularidade, dimensão de ser, estar e pensar, que não nos compete delimitar com nossos julgamentos ou ideias pré-concebidas.
A Gestalt-terapia ressalta a necessidade de compreender o fenômeno tal como ele ocorre, o que nos fornece um grande instrumento, que pode ser utilizado nas relações estabelecidas.
O compreender, implica em uma ação, que proporciona interesse e disposição para adentrar ao íntimo do outro, para entender aquilo que o outro me transmite de acordo com o seu significado, e não com a minha concepção. Assim como, o compreender exige conhecer as minhas necessidades e sentimentos despertados nesta relação. Por vezes, parte de minhas inferências estão amparadas a sentimentos e necessidades não atendidas, projetadas no outro. Como já dito por Alejandro Jodorowsky, entre aquilo que eu disse e o que o outro entendeu, há um abismo. (...)
Estabelecer uma dinâmica de compreensão, interesse e disposição, nem sempre é fácil, por diversas vezes ao “comunicar” nossas necessidades e desconfortos diante de uma fala ou comportamento, respondemos com reações emocionais, reagimos ao que nos ocorre, sem ter plena consciência de nossos atos e falas, nos tornamos impulsivos, ao dar uma resposta imediata ao que me causou incômodo. Parte dessas respostas reativas, estão relacionadas a necessidades e sentimentos não atendidos e interpretações errôneas da situação apresentada.
Por mais complicado que pareça, podemos sim, melhorar nossas habilidades interpessoais, construir uma comunicação de qualidade e minimizar os conflitos. O ponta pé inicial, é conhecer suas necessidades e sentimentos dentro dessa relação, sobre o significado dessa relação, o que eu preciso, e almejo dentro deste vinculo? Qual o significado do que vivenciei naquele momento? Quais os sentimentos despertos pelo ocorrido?
Ao reconhecer minhas necessidades, tenho maior clareza para diferenciar os meus conteúdos internos, do outro com o qual eu me relaciono.
Outro ponto a destacar, é a importância do diálogo, do falar sobre o que me causou desconforto, de maneira clara e precisa, sem emitir julgamentos e suposições, revelar como aquilo lhe chegou, e como se sentiu diante do ocorrido, sendo honesto em suas colocações, sem ofensas, se permitindo ouvir o que outro tem a falar.
Diversas vezes, observamos o silêncio como resposta a conflitos, o calar nem sempre é benéfico, podendo postergar ou até ampliar um problema que pode ser resolvido.
Demonstre interesse, pergunte ao outro o que ele quis dizer com sua fala, ou suas ações, e se permita acolher, e escutar a fala com quem você se comunica, se conecte, esteja presente, demonstre interesse e empatia.
E por fim, procure administrar o conflito, busque soluções alternativas conjuntas para a resolução de problemas, levando em consideração as necessidades de ambos, o que melhor pode ser feito, dentro das possibilidades existentes.
Lembre-se, conflitos existem para nos ensinar a elaborar novas respostas, crescer e amadurecer em nossos processos.
E você, como tem usado suas palavras?
Elas têm sido janelas ou paredes?
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Psicóloga Anatachi Schwaab Milanese de Lara
CRP 08/27782