10/08/2025
Carta aberta aos “PAIS”
“Não basta ser pai, tem que participar (SIM)”
Essa é uma frase que ganhou muita repercussão em meados dos anos 80, porém, até hoje acho bom que seja lembrada.
Diria talvez, que até nos falte completá-la: “Não basta participar, é preciso responsabilizar, afetar-se e deixar-se afetar”.
Cresci numa família tradicional, à sua maneira. Meu pai, uma figura masculina marcada pela dedicação ao trabalho e a responsabilidade do sustento da família. O homem ainda era o maior provedor de seus lares.
A mulher quase sempre não trabalhava fora, mas, dentro – com todos os afazeres domésticos, dos filhos – e em muitos casos ajudando seus maridos como forma de complementar aquela renda.
Pois bem. Foram tempos em que os papéis de gênero eram rígidos e muito atravessados por padrões machistas: ao homem, o sustento e a autoridade, já a mulher, o colo e o cuidado.
Com isso, é notável perceber que padrões como esses começaram a tomar nova consciência por parte desses casais parentais. Mulheres assumindo cada vez mais papéis profissionais e sendo também provedoras de seus lares, trazendo alívio para seus pares.
Houve uma inversão de papéis?
Eu diria que não. Houve uma desconstrução necessária em que não devem existir padrões pré-estabelecidos para homem e mulher, tampouco para “Pai” e “Mãe”, contudo, podem se complementar.
Para a psicanálise, a função paterna é simbólica, e não apenas biológica. Por isso, não basta participar, é preciso responsabilizar, afetar-se e deixar-se afetar”.
Winnicott já dizia que o “Pai” como presença real, relacional e emocional é que contribui ativamente no amadurecimento do bebê e no sustento da mãe. E é ainda a partir dessa presença, mesmo que indireta, condição para formação do “Self” em continuidade emocional e segura.
Portanto, em tempos de desconstruções, as “funções paternas” ainda permanecem as mesmas, tão importantes desde sempre.