09/12/2024
Soluções baseadas na natureza podem inspirar medidas de adaptação às mudanças do clima
Quem anda pela reserva Sawmillers, ao norte da baía de Sydney, na Austrália, pode notar um mosaico de diferentes módulos arredondados de concreto justapostos e instalados nas paredes construídas pelo homem para separar a terra firme do mar. A forma de cada painel lembra a de um biscoito gigante, com cerca de meio metro de altura e de comprimento e pouco mais de 10 centímetros de espessura. Os módulos apresentam cinco tipos de relevo em sua face voltada para a água. Podem ter buracos, reentrâncias e ranhuras de diferentes tamanhos. O mosaico de painéis, comumente chamado de paredão vivo, busca imitar a textura complexa dos costões rochosos naturais, em contraste com as linhas retas e lisas dos muros artificiais edificados na beira-mar.
Estudos feitos nessa área de Sydney indicam que há um aumento de mais de um terço no número de espécies marinhas, como algas, crustáceos e outros invertebrados, nas localidades em que os paredões vivos foram instalados em relação aos pontos com muros artificiais convencionais.
Segundo artigo publicado em 2022 no periódico Philosophical Transactions of the Royal Society, após dois anos de monitoramento, havia uma maior proliferação de espécies perto dos painéis não lisos, com buracos e texturas que propiciam a formação de poças da maré, onde as temperaturas eram mais amenas.
Os paredões vivos são uma das intervenções propostas pela ecoengenharia, que compreende soluções baseadas na natureza (SbN) - ou seja, um conjunto de inovações, obras ou estratégias que podem aumentar a capacidade adaptativa e a resiliência de áreas urbanizadas diante dos riscos associados às mudanças climáticas, além de promover, na maior parte dos casos, ganhos sociais, ambientais ou econômicos.
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