04/04/2025
Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, era comum que crianças passassem horas na rua, explorando o bairro, subindo em árvores, entrando na casa dos amigos, lidando com animais soltos, criando suas próprias regras para brincadeiras. A socialização acontecia de forma orgânica: havia conflitos, negociações e invenções coletivas. Na rua, as crianças aprendiam a resolver conflitos e desenvolver autonomia de forma natural.
Hoje, até mesmo em cidades pequenas, a rua se tornou um espaço visto como perigoso. Como alternativa, muitos pais levam seus filhos ao parquinho para que "socializem". Mas será que isso é suficiente?
O que acontece no parquinho? A interação entre as crianças costuma ser breve e instrumental: uma convida a outra para brincar de pega-pega, outra pede ajuda para subir no escorregador. Mas logo cada uma segue seu caminho. Não há tempo para estabelecer vínculos profundos, resolver conflitos, criar histórias compartilhadas. Até tem, mas é raro.
A socialização ocorre em um processo contínuo de troca, enfrentamento de desafios e construção conjunta da realidade. A experiência da rua proporcionava isso porque era um ambiente dinâmico e imprevisível, onde a criança precisava se adaptar e cocriar. Já o parquinho é um espaço controlado, com regras pré-estabelecidas e interações superficiais.
Sem tempo e espaço para explorar essa relação de forma mais profunda, a criança pode perder a oportunidade de desenvolver habilidades essenciais como empatia, negociação e autonomia.
Se a rua não é mais uma opção, como podemos resgatar essa experiência? A resposta está em criar oportunidades para interações mais livres e duradouras. Brincadeiras em grupo sem a intervenção constante dos adultos, visitas frequentes à casa de amigos, encontros regulares em espaços seguros, atividades coletivas que envolvam cooperação e criatividade.
Socializar não é apenas estar ao lado de outras crianças por alguns minutos. É construir relações. E para isso, é preciso tempo, liberdade e espaço para o improviso.
Como você vê essa mudança? Como podemos criar oportunidades para que as crianças tenham maior interação, com segurança?