07/05/2025
A LUZ QUE ESCOLHI SEGUIR
Hoje é 7 de maio. Lá fora, o dia começa comum: céu azul, carros passando, gente apressada.
Mas aqui dentro… aqui dentro, tem festa.
É o dia do oftalmologista.
E por mais que o mundo não pare para comemorar, eu paro.
Porque enquanto muitos acordam para mais uma quarta-feira, eu acordo para mais um milagre.
Sim, milagre.
Não existe outra palavra para o que acontece quando uma pessoa volta a enxergar depois de anos embaçados.
Quando uma criança que nunca viu nitidamente lê a primeira letra da lousa.
Quando um idoso, que já aceitava a escuridão como destino, sorri ao ver o rosto da neta com clareza.
É disso que é feita a oftalmologia: de milagres diários que não estampam manchetes.
A gente não abre corações, mas devolve a visão de quem quase perdeu a vontade de viver.
A gente não apaga dores crônicas, mas reacende brilhos que já estavam se apagando.
É curioso como a medicina dos olhos também é, tantas vezes, a medicina da alma.
Porque quem vê o mundo com nitidez, vive com mais coragem.
Quem enxerga o outro, se conecta.
Quem consegue olhar para si… pode finalmente se curar.
Sigo apaixonada por essa profissão porque ela é feita de paradoxos.
Trabalhamos com precisão, mas lidamos com poesia.
Somos da ciência, mas tocamos o sagrado.
Temos que ser exatos, mas nunca deixamos de ser humanos.
Eu, pelo menos, não deixo.
Ainda me emociono quando escuto um “obrigado, doutora, achei que nunca mais fosse ver assim.”
Ainda rezo, em silêncio, antes de entrar em cirurgias delicadas.
Ainda acredito que cada retina carrega uma história — e que cuidar de olhos é também cuidar de memórias, de sonhos, de futuros.
Se hoje você pode ler esse texto, agradeça aos seus olhos.
Se um dia você precisar enxergar melhor, saiba: estarei aqui.
Com meu bisturi, meu conhecimento, minha fé.
E, acima de tudo, com o mesmo encantamento de quando vi um olho humano pela primeira vez e pensei:
“É por aqui que entra a luz.”