08/07/2025
O coração de uma criança é pequeno, mas sente tudo.
Sente quando a porta se fecha devagar,
quando a mala rola no chão com peso de despedida,
quando o silêncio da casa muda de tom.
Quando o pai vai embora, não é só a figura dele que desaparece.
É a rotina que se desfaz.
É o cheiro do abraço no fim do dia que já não vem.
É a segurança que escapa pelos dedos.
A mãe tenta ser abrigo.
Tenta conter o choro, esconder a dor.
Mas os filhos, mesmo sem entenderem com palavras, entendem com o corpo.
Com o olhar.
Com a saudade que chega antes mesmo de saberem o que é ausência.
Os adultos pensam que as crianças não percebem.
Mas elas sentem.
Sentem o que falta, o que muda, o que pesa.
E guardam.
Guardam no peito feridas invisíveis,
que um dia se tornam medo de amar, medo de confiar, medo de f**ar.
Se for preciso partir, que haja explicação.
Se o retorno for possível, que ele venha com presença.
E se não for, que o amor não falte — nem à distância.
Porque o coração de uma criança é delicado demais para ser esquecido.
E tudo o que vive ali dentro… ecoa por toda a vida.