24/06/2025
Um percurso de análise envolve a possibilidade de se estranhar. Fissurar ali onde o sentido parece sólido, fixo. Trincar convicções. É colocar em questão até a certeza mais trivial, o mais óbvio - e, a partir daí, abrir frestas, pintar novos horizontes.
É ver que as nuvens por trás de uma ponte podem ser também as velas de um navio... e podem ser ainda outra coisa. Nesse estranhamento, surge o encontro com aquilo que evanesce, que escapa, que resta - que passa do "fazer sentido" ao poder existir, talvez, sem tê-lo em absoluto.
A escuta do analista acolhe, sim, as dores, as dúvidas, as angústias. Mas também e muito atentamente a esses triviais, sem sentidos, estranhamentos. Para o que caminha, sim, mas sobretudo para o que tropeça. Para aquilo que a entonação enuncia, mais além do discurso. E para o que nesse encadear, retorna, insiste, repete.
Ao escutar isso que é ruído, que é denúncia, que repete, que produz sofrimento e que persiste, isso que está além das nossas intenções conscientes, inventar um lugar para um modo desejante de estar.
Sou psicanalista membro do Corpo Freudiano de Goiânia e o que ofereço é essa escuta. Ouvir a fala desse que em nós, nos trai, delata - e com isso, deseja.
Contato:
62981845838
Imagens:
The Sun Sets Sail - Rob Gonsalves
Manuscrito de Além do Princípio de Prazer, Sigmund Freud