29/03/2025
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👨🏻⚕️Leucocitose = bactéria? 🦠
(Isso não é mais verdade absoluta — e já faz tempo!)
Por muito tempo, leucocitose foi considerada um marcador de infecção bacteriana grave em crianças febris. Mas os tempos mudaram, e com eles, a forma como avaliamos esse achado laboratorial.
📉 Após a introdução das vacinas contra Haemophilus influenzae tipo b, Pneumococo e Meningococo, a epidemiologia das doenças invasivas mudou drasticamente. Isso reduziu a prevalência de quadros graves em que a leucocitose era altamente associada a infecção bacteriana.
🔬 O que mostram os estudos mais atuais?
▪️ Estudo multicêntrico recente mostrou que uma contagem de leucócitos >15.000/mm³ teve uma sensibilidade de apenas 56% e especificidade de 74% para prever infecção bacteriana grave. [1]
▪️ Outro estudo demonstrou que leucócitos totais e neutrófilos absolutos têm acurácia diagnóstica moderada (AUC 0,653), sendo pouco úteis para triagem isolada. [2]
▪️ Em casos de leucocitose extrema (>25.000/mm³), pode haver risco aumentado de infecção bacteriana, especialmente pneumonia — mas o contexto clínico e outros marcadores, como PCR, são fundamentais. [4–6]
👩⚕️👨⚕️ Dizer para o paciente que “está com bactéria porque os leucócitos estão altos” é uma interpretação ultrapassada. A leucocitose tem múltiplas causas — infecções virais (como COVID-19, adenovírus, EBV, CMV), doenças inflamatórias (como Kawasaki, AIJ), uso de corticoides e até estresse fisiológico.
📌 Conclusão:
▪️ Leucocitose não é diagnóstico. É um dado isolado que precisa ser interpretado com contexto clínico e exames complementares.
🧪 Quem diz se é bactéria ou não, na dúvida, ainda é a hemocultura.
📚 Referências:
1) Kemps N et al. Arch Dis Child. 2025;110(3):191–6.
2) De S et al. Arch Dis Child. 2014;99(6):493–9.
3) Akahoshi S et al. J Infect Chemother. 2021;27(8):1198–204.
4) Danino D et al. Pediatr Emerg Care. 2015;31(6):391–4.
5) Brauner M et al. Arch Dis Child. 2010;95(3):209–12.
6) Kim JH et al. Pediatr Emerg Care. 2019;35(5):347–52.