11/04/2024
Eu cresci ouvindo que “minino não tem vontade” ou “essa menina pensa que é gente”. Quem nunca?
Mas depois que me tornei MÃE, em maiúsculo, descobri que a gente é que vai desaprendendo a querer. No anseio de atender as necessidades do “serzinho”, vai colocando na frente, os desejos e necessidades do mesmo. E até acho que tem que ser assim mesmo. Afinal de contas, tivemos um caminho antes, e teoricamente, deveríamos estar preparados para conduzir quem vem depois.
A teoria é linda, se não fosse a prática.
No dia a dia, toda a leitura e qualquer ilusão de preparo se esvai no ir e vir de tanto trânsito, é balé, natação, teatro, meditação, e no meio de tanto privilégio, tudo, muita falação e principalmente, negociação. De picolé a paçoca, passando por um lápis roxo, de um tudo. Silêncio nunca mais.
Eu queria o quê? Nem sei, só dirigir para o destino, ouvindo uma música ou um podcast interessante. Jamais, enquanto presto (tento) atenção no trânsito, preciso administrar a necessidade de lencinhos umedecidos, papel, lápis de cor e um brinquedo que ficou em casa.
Dirigir se tornou literalmente, um rally.
Me tornei contorcionista e mestre em atenção, porquê além de dirigir, preciso, ver alguma coisa, mandar alguma água ou comida para trás. Ah! Comida e água no carro, sempre.
O problema é quando chove, e está à noite. Meus óculos não estão muito bons. É criança com fome, gente acelerando, pânico e desespero.
Tive vontades, várias, mas ter um filho, é exatamente sobre isso. Crescer, amadurecer, e assumir a vida de outra pessoa. Uau! Que adrenalina!
Os nosso desejos ainda existem e latejam, mas ASSUMIR, e AJUSTAR O RUMO. Aguentar o trânsito, ter o lencinho. Mas também a certeza, de que você está fazendo o melhor que você pode. É absolutamente a melhor sensação de encarar a maior aventura dessa vida!
Todo o resto, so sorry, boa ilusão!