08/11/2024
Pois então né
Ah, o teatro moderno da virtude.
É fascinante como, hoje em dia, para algumas pessoas, basta uma sopa de palavras-chaves – empoderamento, fascista, extrema direita, reparação histórica – para se consagrarem os novos sacerdotes de uma moralidade reluzente, mas de consistência tão firme quanto gelatina de hospital.
Esses são os bravos heróis de redes sociais, armados até os dentes com indignação reciclada e slogans emprestados, desfilando uma santidade digital que, com a devida licença poética, faria Madre Tereza revirar os olhinhos.
O mais curioso é que, por trás de cada bandeira de empoderamento, frequentemente se esconde um soldadinho da retórica que nunca leu uma biografia inteira, exceto talvez a do próprio avatar no Instagram.
Se você parar para perguntar, entre um gole e outro, o que diabos significa "reparação histórica", a resposta geralmente soa como um haicai sobre a injustiça universal. E, se você tiver a audácia de sugerir que essas questões são mais complexas do que a página de um panfleto, bem, parabéns: você acaba de ser promovido a "opressor".
Mas, ironias à parte, o mais triste não é a ignorância em si – porque, convenhamos, quem nunca opinou sem saber? –, mas o esforço em parecer “do bem” sem nunca precisar sê-lo de verdade. Essa é a era do verniz de bondade: se a fachada brilha, quem se importa com o que tem no porão?
E não estou falando de um porão cheio de discos de jazz e romances não lidos, mas de uma alma que sabe, lá no fundo, que a performance de "justiceiro social" não passa de um showzinho burlesco de 5⁰ categoria.
O problema é que, quando a cortina cai, a platéia já foi embora, a única pessoa que você precisa convencer é você mesmo.
E se for para terminar com a ironia final, volto ao velho dilema: você sabe que o mundo está de cabeça para baixo quando os papagaios estão escrevendo os scripts para boa parte dos humanos (a turma "do bem") só repetir a piada.
A quem está gente acha que realmente engana?
A Toca do Lobo