20/10/2025
RT Devemos rejeitar a normalização da dor feminina”, escreveu Lupita Nyong’o (), ao revelar que convive há mais de uma década com miomas uterinos — tumores benignos que atingem milhões de mulheres, especialmente as negras. O diagnóstico veio em 2014, o mesmo ano em que a atriz quênio-mexicana venceu o Oscar pelo filme "12 Anos de Escravidão". Desde então, ela transformou sua dor em causa: “Imagino um futuro com educação precoce para adolescentes, melhores protocolos de triagem, pesquisas robustas sobre prevenção e tratamentos menos invasivos.”
Os miomas são uma das condições ginecológicas mais comuns e, ao mesmo tempo, uma das menos faladas. Estima-se que até 80% das mulheres negras e 70% das brancas desenvolvam miomas até os 50 anos — e, ainda assim, boa parte dos estudos sobre o tema é recente ou insuficiente. Apesar de serem assintomáticos em muitos casos, os miomas uterinos também podem provocar sangramentos, dores e até interferir na fertilidade.
Em 2024, segundo o Ministério da Previdência Social, quase 42 mil brasileiras foram afastadas do trabalho por incapacidade temporária causada por miomas — a terceira maior causa de ausência no trabalho, atrás apenas de hérnia de disco e dor nas costas.
Com sua voz e visibilidade, Lupita não só expôs uma condição que afeta o corpo, mas também denunciou uma estrutura histórica que ignora o que sentimos. “Espero que minha experiência ressoe com qualquer pessoa que já se sentiu ignorada, confusa ou sozinha. Vamos estudar a saúde da mulher e priorizar essa condição crônica", disse ela, que lançou, em parceria com a Foundation for Women’s Health (), uma bolsa para financiar pesquisas que desenvolvam tratamentos minimamente invasivos para reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida de pacientes com a condição nos Estados Unidos.
Fotos: Reprodução/Instagram