01/03/2024
GRAVIDEZ NA ADOLESCÂNCIA
O TEXTO É GRANDE? A RESPONSABILIDADE É MUITO MAIOR
A taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos para cada 1 mil meninas de 15 a 19 anos. No Brasil, um em cada sete bebês é filho de mãe adolescente. A cada hora nascem 48 bebês, filhos de mães adolescentes. Um dado preocupante é o número de bebês com mães de até 14 anos que aumenta o número a cada ano.
A gestação não planejada na adolescência pode resultar da falta de conhecimento da adolescente sobre sua saúde, sobre as consequências na sua vida, bem como ao acesso limitado aos métodos contraceptivos eficazes. Das gravidezes que ocorrem na adolescência, 66% são não intencionais, o que significa que a cada 10 adolescentes que engravidam, 7 referem ter sido “sem querer”.
Diversos fatores concorrem para a gestação na adolescência. No entanto, a desinformação sobre sexualidade, sobre direitos se***is e reprodutivos é o principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, incluindo o uso inadequado de contraceptivos, como métodos de barreira e pr*********os.
Além do aspecto social – a adolescente tem, por exemplo, sua vida escolar interrompida – e do aumento da situação de vulnerabilidade dessa jovem mãe e seu bebê, principalmente no caso de famílias com baixa renda, são muitos os riscos à saúde de mãe e filho.
Prevenção:
Um dos mais importantes fatores de prevenção é a educação, fato indubitável para a saúde plena, tanto individual quanto coletiva.
10 pontos fundamentais para reduzir as taxas de gravidez na adolescência:
– Sensibilizar e capacitar profissionais da saúde para o atendimento de adolescentes e promover reciclagem periódica destes profissionais;
– Garantir o fornecimento de métodos contraceptivos gratuitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), incluindo os contraceptivos reversíveis de longa ação (LARCs);
– Promover rodas de conversa com Grupos de Adolescentes e formar entre eles, agentes multiplicadores;
– Estimular o envolvimento dos adolescentes na criação de aplicativos ou vídeos educativos com divulgação monitorada;
– Promover interface com as Secretarias de Educação, Saúde, Cultura e Esporte e poder público, executivo e legislativo, buscando ações para medidas legislativas;
– Estabelecer parceria com Instituições de Ensino Superior nas áreas de saúde, educação, esporte, cultura e entidades cientificas;
– Incentivar pesquisas na rede pública com financiamento e premiações;
– Estabelecer linha de cuidado nas UBS e nas unidades de Programa da Família;
– Criar espaços de atendimento em locais vulneráveis;
– Estimular a troca de experiências exitosas interestaduais nacionais e internacionais.
Fatores de risco biológicos:
– Menor 16 anos;
– Competição mãe-feto por nutrientes;
– Altura inferior a 150 cm;
– Peso inferior a 45 kg;
– Doenças crônicas (diabetes, cardiopatia ou renais, hipertensão arterial);
– Infecções sexualmente transmitidas (Sífilis, HIV, hepatites B/C);
– Doenças agudas emergentes (dengue, zika, toxoplasmose, etc.);
– Transtorno psiquiátrico.
Fatores de risco psicossociais:
– Família: disfuncional, doença psiquiátrica, uso de dr**as, violência;
– Pobreza, migração, situação de rua, refugiados;
– Usuária de psicoativos (álcool, tabaco, co***na, crack);
– Automedicação;
– Gestação fruto de estupro/relação extraconjugal;
– Rejeição à gestação;
– Tentativa de abortamento;
– Falta de apoio familiar: mãe, parceiro;
– Início tardio do pré-natal;
– Dificuldade de acesso a serviços de pré-natal.
Fatores de risco obstétricos:
– Menos de 6 consultas de pré-natal;
– Escassez de programas para gestante adolescente;
– Pré-eclâmpsia;
– Desproporção pélvica-fetal;
– Gravidez gemelar;
– Complicações durante o parto;
– Cirurgia cesariana de urgência;
– Infecções durante e pós-parto.
Repercussões da gravidez na adolescência para o recém-nascido (RN):
– Prematuridade;
– Pequeno para idade gestacional;
– Baixo peso (retardo intrauterino);
– APGAR inferior a 5;
– Dismorfias, síndromes congênitas (Síndrome de Down, defeitos neurais);
– Infecções congênitas (sífilis, herpes, toxoplasmose, hepatites B/C, Zika, HIV/aids);
– Necessidade de UTI neonatal;
– Traumatismos e repercussões do parto (hipóxia, paralisia cerebral);
– Dificuldades de amamentação;
– Risco de negligência, ambiente insalubre.
Repercussões da gravidez na adolescência para a adolescente e o RN:
– Depressão e psicose puerperal;
– Abandono do RN em instituições;
– Rejeição do RN do convívio familiar;
– Ausência de amamentação;
– Abandono/omissão de paternidade;
– Acompanhamento pediátrico falho;
– Esquema de vacinação incompleto;
– Abandono escolar, bullying;
– Baixa qualificação profissional da mãe.